Quase três anos depois da tragédia de Brumadinho, buscas continuam para localizar vítimas
“Vinte e cinco de janeiro virou nossas vidas de pernas para o ar, literalmente, interrompeu todos os nossos planos, todos os nossos sonhos”, relembra Helena, que perdeu dois filhos na tragédia de Brumadinho. Um dos médicos-legistas que trabalhou na época, conta como foi atuar na região. “O que a gente podia fazer era evitar que imagens muito sensíveis vazassem. Era tentar tratar de uma maneira mais delicada e humana possível algo que era literalmente grotesco”, diz.
Quase três anos depois da maior tragédia humanitária do país, em Brumadinho, na paisagem devastada, a vida teima em seguir. Na época, 270 pessoas morreram soterradas pela lama tóxica. Nove em cada dez Bombeiros de Minas Gerais trabalharam em Brumadinho. Eles, que forma os primeiros a chegar, continuam na missão até hoje. Agora, o desafio é localizar as seis pessoas – que eles chamam de joias – ainda não encontradas. O coronel Alexandre afirma que o trabalho na região só vai terminar quando todas as vítimas forrem encontradas.
“O Corpo de Bombeiros tem o compromisso de ficar aqui até encontrar as seis vítimas que ainda restam”, conta Alexandre.
São tantos casos marcadas pelo sofrimento dessa tragédia, que em dezembro de 2021 a jornalista Daniela Arbex lançou o livro “Arrastados”, onde ela documenta as histórias atravessadas pelo tsunami da lama. Daniela relembra que o caso de Brumadinho era uma tragédia anunciada.
“A Vale sabia do risco de morte e já tinha calculado, inclusive, quanto gastaria com as indenizações dessas mortes”, afirma a jornalista.
Em novembro de 2021, a Polícia Federal indiciou a Vale, a TUV SUD – empresa que atestou a estabilidade da Barragem – e 19 pessoas, mas ninguém está preso. O Ministério Público aguarda a chegada do processo na Justiça Federal para fazer a denúncia, já o Ministério Público do Trabalho e a Vale assinaram um acordo para indenizar as famílias de funcionários mortos na tragédia. Para Daniela Arbex, situações como a de Brumadinho só vão deixar de acontecer quando a prevenção se tornar uma prioridade para as empresas.
“Se o modelo de negócio continuar priorizando o produto no lugar das pessoas, nós não estaremos seguros em lugar nenhum”, conclui Daniela.