Ucrânia anuncia exercícios militares em resposta a tropas da Rússia em Belarus
O Exército da Ucrânia realizará exercícios militares com drones e mísseis antitanque a partir de quinta-feira (10), anunciou o ministro da Defesa do país, Oleksii Reznikov, em resposta às atividades das tropas russas na vizinha Belarus.
Belarus fica ao norte da Ucrânia e sua fronteira é perto da capital Kiev, o que tem sido considerado pelo país e por nações ocidentais como uma provocação da Rússia e uma possível rota de uma invasão. Os exercícios russos mobilizaram 30 mil soldados na região.
A Rússia já reuniu mais de 100 mil soldados perto da fronteira com a Ucrânia, mas nega que vá invadir o país e diz que quer apenas que os países ocidentais respeitem sua “área de influência” (veja mais abaixo).
Os Estados Unidos, no entanto, afirmam que a Rússia pode invadir a Ucrânia a qualquer momento.
VEJA TAMBÉM:
- Caças dos EUA interceptam aviões da Rússia no mar Báltico, diz Otan
- Macron se reúne com Putin na Rússia antes de viajar à Ucrânia
- ‘Rússia pagará preço alto se atacar a Ucrânia’, diz chanceler da Alemanha
- Conheça a Ucrânia, uma nação histórica sob a sombra da Rússia
Militar ucraniano se comunica com um comandante em um abrigo nas posições da linha de frente perto de Zolote, na Ucrânia, em 7 de fevereiro de 2022 — Foto: Evgeniy Maloletka/AP
O ministro da Defesa ucraniano disse a uma televisão local que os soldados estão constantemente realizando exercícios militares e, a partir de 10 de fevereiro, começarão a usar drones Bayraktar e mísseis antitanque Javelin e NLAW fornecidos por aliados estrangeiros.
O anúncio ocorreu no mesmo dia em que o presidente da França, Emmanuel Macron, visitou o da Rússia, Vladimir Putin, em Moscou, antes de viajar a Kiev. Macron foi o maior líder ocidental a visitar a Rússia desde que o país começou a reunir tropas na fronteira, em dezembro.
Promessa a Macron
Após o encontro, uma autoridade francesa disse à agência de notícias Reuters que Putin prometeu não realizar novas iniciativas militares perto da Ucrânia por enquanto, como um precursor de uma possível desescalada.
Essa autoridade francesa disse também que o presidente russo concordou que as tropas que participam do exercício militar em Belarus seriam retiradas assim que eles terminassem.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, se reúne em Moscou com o presidente da França, Emmanuel Macron, em 7 de fevereiro de 2022 — Foto: Sputnik/Kremlin via Reuters
Putin não mencionou tais concessões ao falar com a imprensa após a reunião com Macron, que durou seis horas no Kremlin (a sede do governo russo).
A informação da retirada das tropas russas de Belarus foi confirmadas nesta terça-feira (8) pelo porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, mas ele negou que Putin concordou em não realizar novas manobras militares na fronteira.
Navios no Mar Negro
Nesta terça, a agência de notícias russa Interfax informou que seis navios de guerra da Rússia estão sendo deslocados para o Mar Negro, vindos do Mediterrâneo, para exercícios navais.
Toda a costa da Ucrânia está voltada para o Mar Negro, inclusive a Crimeia, região que a Rússia invadiu e tomou dos ucranianos em 2014.
Segundo a Interfax, o Ministério da Defesa russo afirmou que o movimento já estava pré-planejado.
A Rússia anunciou no mês passado que sua Marinha realizaria um amplo conjunto de exercícios, envolvendo todas as suas frotas, do Oceano Pacífico ao Atlântico, entre janeiro e fevereiro.
Exigências russas
A Rússia exige mudanças nos arranjos de segurança da Europa, incluindo a promessa de que a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) nunca aceitará a entrada da Ucrânia, na aliança militar dos países ocidentais.
Exige também que a Otan garanta que mísseis nunca serão implantados perto das fronteiras da Rússia e que a aliança ocidental reduzirá suas tropas em países do leste europeu, que a Rússia alega ser a sua área de influência.
Desde o fim da União Soviética, vários países da região passaram a fazer parte da Otan e/ou da União Europeia — o que Putin não aceita. Mas a Otan e os países ocidentais se negam a aceitar as exigências russas.
Comboio de veículos blindados russos em rodovia na Crimeia, região da Ucrânia que foi invadida e anexada pela Rússia em 2014, em 18 de janeiro de 2022. Rússia concentra mais de 100 mil soldados, com tanques e outras armas pesadas, perto da fronteira com o país vizinho, no que países ocidentais temem que possa ser um prelúdio de uma nova invasão. — Foto: AP