A russa Tatiana Kaminarova, de 39 anos, mora há 4 anos em Sorocaba, no interior de São Paulo, e soube da invasão da Rússia na Ucrânia quando rolava o feed das redes sociais, na madrugada de quinta-feira (24).
Este é o maior ataque de um país europeu contra outro do mesmo continente desde a Segunda Guerra Mundial.
A professora da língua nativa é de Volgogrado, a região na Rússia da Batalha de Stalingrado, uma das mais decisivas da Segunda Guerra Mundial. Os pais dela, de 69 e 68 anos, ainda moram na cidade e conversaram com a filha sobre a invasão ao território ucraniano.
“Fiquei em choque com as notícias. Minha mãe estava chorando desde manhã. Meu pai está mais forte. Sinto vergonha, eu não acreditava que isso poderia acontecer.”
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2022/O/P/MJa55pRCSzbWMg8jyLtA/2022-02-24t205115z-332898493-rc2fqs9f6nbg-rtrmadp-3-ukraine-crisis.jpg)
Militares ucranianos são vistos ao lado de um tanque destruído, que segundo eles pertencia a combatentes russos, perto de Kharkiv, na Ucrânia — Foto: Maksim Levin/Reuters
Segundo Tania, como também é conhecida, os pais são aposentados e na área que vivem não correm risco até o momento. A professora cita que um parente foi do exército, mas que não chegou a ir para uma guerra.
Tatiana afirma que se depara nas redes com pessoas que, de certa forma, apoiam Putin e os ataques.
“A maioria do povo tem ainda a mentalidade escrava. Vi um homem louvando Putin e dizendo que é capaz a dar própria vida por ele. A maior parte parece que passou por uma lavagem cerebral por anos.”
Vida no Brasil
Segundo a professora, em 2016 ela deixou o emprego que tinha na área de contabilidade e queria viajar para outros países. O destino foi a Argentina, mas parou no Brasil depois que conheceu o atual marido pela internet.
“Comprei a passagem de volta [para a Rússia] e conversamos cada vez mais. Em 2018, nós decidimos que eu iria voltar ao Brasil e teríamos um relacionamento mais próximo”, lembra.
No começo, Tatiana investiu nos estudos da língua portuguesa e tentou procurar emprego. Nenhum deu certo. “Enviava centenas de currículos e nada dava certo. Encontrei na internet a oportunidade para dar aulas.”
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2022/b/x/i9P8xkQz6hR9Lp3gtxHw/ataque-russo-200ataques-2-.png)
Mapa da Ucrânia mostra locais que foram atacados pela Rússia — Foto: Arte g1