Análise: resultados enterram pressão, mas ainda falta ao São Paulo jogar bem na temporada
Exceção ao jogo contra o Santos, em que se impôs na Vila Belmiro e fez 3 a 0 no clássico, o São Paulo não fez boas partidas nesse começo de temporada. Foram duelos em que o time tricolor encarou rivais fechados e não conseguiu encontrar soluções que facilitassem esses confrontos.
O time em reformulação e a escolha de Rogério Ceni em trocar muitos jogadores a cada rodada para evitar desgastes e lesões neste início de ano influenciam esse cenário, assim como a má fase de jogadores que deveriam adicionar algum grau de sofisticação à equipe, como é o caso de Rigoni.
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Reinaldo comemora o primeiro gol do São Paulo em Diadema — Foto: Marcos Ribolli
Mas o São Paulo tem conseguido os resultados que lhe interessa. Depois de um início em que chegou a ocupar um lugar na zona de rebaixamento do Paulista, agora lidera o Grupo B e tem a classificação para as quartas de final muito próxima de se concretizar – tem quatro pontos a que a Ferroviária, que tem três jogos a fazer, enquanto os são-paulinos têm quatro.
É, obviamente, mais fácil corrigir problemas quando não se enfrenta a pressão das derrotas. Não deixa de ser um cenário frágil, porém.
Contra o Santo André, o São Paulo teve muita dificuldade em furar o bloqueio rival, o que só conseguiu nos instantes finais do jogo, numa jogada individual de Eder, que deixou Marquinhos na cara do gol.
Na rodada seguinte, foi preciso agradecer ao incrível erro de um zagueiro da Ponte Preta, que rolou para Calleri marcar, dentro da área, o gol da virada em Campinas nos últimos minutos.
Em Campina Grande, pela Copa do Brasil, o empate em 0 a 0 com o Campinense, em que o São Paulo utilizou um time com cara de titular, foi minimizado pelo regulamento que deu à equipe a classificação mesmo sem precisar fazer gols.
No calor de Diadema, na última segunda-feira, o São Paulo outra vez jogou mal, teve dificuldades contra o Água Santa, recuado. Abriu o placar de pênalti, com Reinaldo, num dos poucos lances em que se construiu uma jogada.
Nem mesmo as mudanças de Rogério Ceni no começo do segundo tempo, com Gabriel Sara, Calleri, Luciano e Marquinhos melhoraram o time, que correu riscos até a expulsão de Fernandinho, aos 21 minutos.
Com um jogador a menos, o Água Santa reforçou a retranca para segurar o empate que lhe tirava da zona de rebaixamento do Paulista. Quase conseguiu.
Repetiu-se o São Paulo de muita posse, de pressão no ataque, mas de raras e ruins conclusões.
No fim, Calleri (outra vez). Num lance em que a bola ficou ricocheteando dentro da área, o argentino acertou uma bicicleta e resolveu o jogo com um golaço. Ele, que quase não se viu até então, cumpriu o papel de “fazedor de gols”, como Ceni já o definiu recentemente.
Calleri comemora golaço pelo São Paulo contra o Água Santa — Foto: Marcos Ribolli
O São Paulo, porém, ainda não convenceu na temporada. As próximas duas partidas podem dar respostas mais conclusivas.
– O desempenho em todas as vezes que eu vim responder não foi dos melhores em nenhum jogo. Hoje de fato acho que não conseguimos render tanto, especialmente no segundo tempo, mesmo trocando os quatro homens de frente de uma vez para dar mais energia. Não conseguimos muitas finalizações, contra uma equipe bem fechada, boa na bola aérea. O resultado era importante para buscar a primeira colocação do grupo, mas em matéria de qualidade, de ser um jogo vistoso, o primeiro tempo ainda teve coisas boas, o segundo deixou um pouco a desejar – avaliou Ceni.
Ceni terá pela frente dois clássicos contra Corinthians, sábado, e Palmeiras, na quinta-feira seguinte, ambos no Morumbi. São rivais com equipes melhores e mais bem acertadas do que o São Paulo, em que não se espera a escolha pela retranca, e em que será possível avaliar com mais clareza as condições do time tricolor.