Após denúncia de maus tratos a idosos, instituição é liberada

Casa do Aconchego havia sido interditada por conselho e agora regularizou situação

Sede da Casa do Aconchego, no Jardim Taveirópolis. (Foto: Paulo Francis/Arquivo)

´Sede da Casa do Aconchego, no Jardim Taveirópolis. (Foto: Paulo Francis/Arquivo)

O Conselho Municipal do Idoso da Capital decidiu revogar a interdição da ILPI (Instituição de Longa Permanência para Idosos) Casa do Aconchego. O parecer foi publicado na edição desta terça-feira (15) do Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande).

A entidade já tinha tido a inscrição como centro dia suspensa logo após o caso ser revelado e, posteriormente, foi interditada em fevereiro deste ano. A diretora foi afastada por determinação judicial.

A autorização como centro dia foi cancelada há duas semanas. O colegiado entendeu que a instituição não poderia funcionar nas duas modalidades. No centro dia, o idoso permanece o dia no local e volta para a casa da família.

Já a ILPI é como o novo lar, onde o idoso passa a viver permanentemente. Conforme o conselho, a Casa do Aconchego não parou de funcionar, mas teve que comprovar que ainda teria condições de continuar atendendo, que foi confirmada após análise da documentação.

Com isso, a instituição está apta novamente a receber recursos públicos. Pelo Estatuto do Idoso, toda instituição que pretende acolher idosos, mesmo que privada, deve ser credenciada pelo Poder Público.

Histórico – O primeiro caso chegou ao MPMS (Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul) em junho de 2021 através de familiares de idosa acolhida no local. No entanto, novamente este mês, a mesma parente buscou nova ajuda da 44ª Promotoria de Justiça, afirmando estar sofrendo pressão da coordenadora do asilo para que retirasse sua irmã da entidade, alegando que ela não teria contrato.

O segundo caso foi levado à promotoria por ex-funcionário da instituição, também em novembro. Ele era enfermeiro e tinha acesso às imagens das câmeras de segurança. O profissional “realizou cópias das gravações que demonstram o comportamento explosivo (da dirigente) para com os idosos sob sua tutela”.

Em imagens anexadas no processo, ela joga o copo de um assistido no chão ao parecer brigar com ele e em outra, o empurra na cama depois de fechar a porta do quarto e ele tenta se defender, afastando-a com as pernas.

Ex-dirigente da Casa do Aconchego, Suely Gomes dos Santos assumiu descontrole ao lidar com idoso na ILPI e pediu desculpas por seu comportamento, em carta aberta ao Fórum de Entidades de Assistência Social divulgada em dezembro

Ela afirma que se afastou das atividades à frente da ILPI, localizada no Bairro Taveirópolis e também dos “espaços participativos nos quais a represento”.

Na carta, Suely afirma que “trabalhei muito, por todos nós, e tive o privilégio de fazer muitos amigos e parceiros nessa luta, que me conhecem há anos e sabem do quanto minha vida tem sido dedicação a essa causa”, se referindo ao trabalho com idosos.

Mas ela também usa o espaço para pedir desculpas e reconhece excessos em lidar com as pessoas que aparecem nas imagens de câmeras de segurança, assumindo que “como pessoa, falível, humana, estou sujeita a erros”. –

Em relação a imagens em que aparece agindo de forma agressiva com idosos, Suely se justifica informando que, no caso do homem com quem briga dentro do quarto, trata-se de seu irmão, que nem mesmo é idoso – tem 50 anos de idade – e que seria dependente químico.

Denunciada pelo MP, a ex-diretora se manifestou através de advogado na ação. Ela pede perícia nas imagens de câmeras de segurança. Conforme a defesa da denunciada, feita pelo advogado Alexandre Daniel dos Santos, é pedido que seja “realizada perícia técnica de todas as mídias acostadas aos autos, principalmente para constatar possível alteração cronológica, edições, manipulações ou cortes em seu teor”.

 

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