‘Preparava as crianças com ritual antes dos estupros’, disse psicóloga sobre fonoaudiólogo preso

Fonoaudiólogo preferia meninos menores de 8 anos

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(Henrique Arakaki, Midiamax)

“Preparava as crianças com um ritual antes dos estupros”, disse a psicóloga Mônica Lourenço da Depca (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente) ao Jornal Midiamax,na manhã desta quinta-feira (17), sobre o fonoaudiólogo de 30 anos, preso no dia 9 deste mês após estuprar crianças em seu consultório, em Campo Grande.

Segundo Mônica, o fonoaudiólogo preparava as crianças de forma que elas não associassem os abusos a algo errado. Mônica disse que o profissional fazia tipo um ‘ritual’ para ganhar a confiança das crianças, sempre menores de 8 anos já que eram as mais vulneráveis.

Geralmente, os abusos ocorriam após a quarta, quinta sessão quando o fonoaudiólogo já havia ganhado a confiança das vítimas. O modos operandi sempre era o mesmo: nas primeiras sessões, o profissional pedia para que as crianças repetissem palavras como, barão, helicóptero.

Após ganhar a confiança das vítimas, o profissional passava a dar inicio aos abusos, sendo que a partir disso pedia para que os meninos deitassem na maca repetindo as palavras ‘sz, sz”, isso era feiro com as mãos na barriga das vítimas.

Em seguida, o fonoaudiólogo passava as mãos nas partes íntimas dos meninos por dentro dos shorts. Durante os depoimentos especiais das crianças, a psicóloga disse que elas estavam bastante assustadas e nervosas.

Preferência por meninos menores de 8 anos

Investigações da delegada Fernanda Félix da Depca (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente), apontam que o fonoaudiólogo de 30 anos, preso após denúncias de abuso sexual contra pacientes que atendia em uma clínica de Campo Grande, tinha por preferência crianças menores de 8 anos, e quanto menor a vítima, mais agressivo ele era ao cometer os crimes.

O especialista também sempre oferecia doces, balas, pirulitos, chicletes como forma de ‘recompensa’ para as suas vítimas, sempre meninos. O profissional também atendia meninas, mas elas contaram que não sofreram nenhum tipo de abuso por parte do fonoaudiólogo.

Ainda segundo a delegada, quanto menor a criança e com mais problemas de fala, o autor era mais agressivo. O autor ainda abordava os pais na saída das sessões ou por meio de mensagens, como forma de averiguar se algo havia sido dito sobre o que havia ocorrido dentro do consultório.

Das nove crianças ouvidas na delegacia por psicólogo, foram confirmadas quatro vítimas. O fonoaudiólogo deve ser ouvido na manhã de quinta-feira (17), na delegacia. A psicóloga Vanessa Machado que atendeu as crianças na delegacia relatou que todas as vítimas não conseguiam se expressar direito e não viam a situação como abuso, já que o fonoaudiólogo tratava como uma ‘brincadeira’.

Uma das mães de um menino de 4 anos, procurou a delegacia na manhã desta quarta (16), após saber sobre as denúncias de abusos cometidas pelo fonoaudiólogo. Ela ainda em choque contou ao Jornal Midiamax que o filho estava desconfortável desde a última sessão quando saiu chorando do consultório.

Ela ainda contou que o filho passou duas semanas com terror noturno e estavam achando que poderia ter sido algum filme que o menino havia assistido. A criança fazia acompanhamento com o fonoaudiólogo desde que a outra médica que atendia ele havia mudado de cidade. De acordo com a mãe do menino, nunca passou pela cabeça dela que o profissional pudesse fazer algo do gênero. Ainda segundo a mãe, o fonoaudiólogo passava atividades para que fizesse em casa, mas na última sessão o profissional não passou nada para a criança. “Sentimento de impotência total”, disse a mãe sobre os abusos cometidos contra o filho enquanto ela aguardava na recepção do consultório.

Outra vítima de 5 anos disse que o fonoaudiólogo mandava ele deitar na maca e passava as mãos nele. Com esta criança, a delegada disse que o autor teria sido mais agressivo. Ele vai responder por estupro de vulnerável individualmente por cada vítima e as penas vão de 5 a 8 anos.

Prisão em flagrante

No fim da tarde do dia 9 de março, o fonoaudiólogo foi preso em flagrante em Campo Grande, por estupro de vulnerável no Centro de Campo Grande. Ele foi encaminhado para a Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente).

Para o Jornal Midiamax, o advogado da família da vítima, Silvio de Almeida, relatou que o menino já fazia o tratamento com o fonoaudiólogo há 5 meses. Recentemente, ele teria conversado com o irmão mais velho, de 10 anos, que também já fez sessões de fonoaudiologia.

O caçula então perguntou se era normal que o fonoaudiólogo passasse a mão nos órgãos genitais. O irmão disse que não e orientou a criança, que contou sobre o ocorrido para a mãe. O menino teria um atendimento na quinta-feira, mas como não poderia acompanhar, a mãe adiantou para a quarta.

Ela acompanhou o filho, ficou na recepção e pediu para ele sair correndo da sala e gritar caso alguma coisa acontecesse. Assim, com 15 minutos de sessão o menino saiu chorando, aos prantos, da sala. A mulher foi até a sala do fonoaudiólogo, com uma testemunha, e o deteve até a chegada da polícia.

O profissional teria colocado a criança na maca, passado a mão na barriga do menor e, depois, teria tocado as partes íntimas do garoto. O homem, de 30 anos, foi preso em flagrante, mas tentou negar o crime. ‘Não fiz nada’, disse. Já o menino prestou esclarecimentos em depoimento especial, acompanhado de psicóloga, confirmando novamente os abusos.

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