Análise: Zé Ricardo precisa de Nenê ao lado e de mais ideias para não ser refém da expectativa da Vasco SAF

Foram 10 minutos de entrevista coletiva de Zé Ricardo e na saída o treinador cruzou com Nenê. O camisa 10 atendia a uma criança na porta do vestiário. Zé se abaixou e cumprimentou a criança. O técnico e o jogador nem cruzaram olhares até o momento que Nenê foi ouvir seus assessores depois do frustrante empate por 1 a 1 do Vasco com o Vila Nova.
A cena aconteceu nessa noite de sexta-feira, pouco mais de uma hora depois da estreia vascaína em São Januário. Foram 20 dias entre a eliminação na semifinal do Carioca e o jogo contra o Vila Nova e os primeiros sinais mostram as dificuldades que o Vasco vai encontrar na quinta participação na segunda divisão do Campeonato Brasileiro.
No sábado, o Vasco enfrenta o CRB, em Maceió, às 19h, pela segunda rodada da Série B
Próximo à sala de coletiva, Nenê tem rápida conversa com seus assessores depois de “climão” com Zé Ricardo na estreia do Vasco — Foto: Raphael Zarko
próximo à sala de coletiva, Nenê tem rápida conversa com seus assessores depois de “climão” com Zé Ricardo na estreia do Vasco
O Vasco teve 60% de posse de bola contra o Vila Nova, mas finalizou menos (12 a 16) e também desarmou menos (8 a 15). Foi pouco para equipe que precisava pressionar o time visitante
O empate por 1 a 1 com o Vila Nova, em São Januário com 18 mil pessoas na primeira rodada, ainda representa pouco para um elenco que aguarda a inscrição de quatro reforços para a disputa da segundona – os atacantes Erick e Zé Vitor, o lateral Gabriel Dias e o meia Carlos Palacios. Foi apenas a primeira rodada de 38, mas o cenário é preocupante por outros sintomas.
O clube vive a expectativa de vender seu futebol para investidores, o que provoca incertezas – em todas as esferas, do time ao diretor e treinador – no seu futuro breve. E encontra impaciência grande e desconfiança dos torcedores na administração de Jorge Salgado e na condução do time por Zé Ricardo. Os dois foram alvos dos torcedores.
Ainda mais por isso a simbologia da reclamação excessiva de Nenê na direção de Zé Ricardo, que o substituiu na metada da segunda etapa, torna o ambiente ainda mais nebuloso. Aos 40 anos, o camisa 10 ainda pode ajudar o time e fazer jus a promessa do fim da Série B do ano passado.
Em lágrimas, ele disse que “estamos juntos aqui dentro” e prometeu que ficaria no Vasco até subir, “igual da primeira vez”. A primeira vez foi em 2016, tem sete anos. Efetivo em boa parte das ações em campo – com chutes precisos, bola parada insinuante e bom posicionamento -, Nenê, porém, participa pouco da composição defensiva, o que ficou claro na segunda etapa, quando ele e Raniel ficavam mais distantes dos oito jogadores de linha do Vasco. E Zé Ricardo, se tiver vida longa no clube, vai precisar administrar isso junto ao elenco.
Figueiredo melhora equipe
O caldeirão a favor entornou rapidamente com o empate do Vila Nova minutos depois de Raniel abrir o placar. O Vasco hoje vive à espera da conclusão do negócio da SAF para transferir a responsabilidade da diretoria de Salgado, que se elegeu com discurso de soluções e vai entregar o clube com a marca da incapacidade de fazer administração viável com as próprias pernas.

No dia 30 de abril, os sócios do Vasco votam pela inclusão ou não do instrumento de SAF no estatuto do clube. Mais um passo na intenção da direção de Salgado na venda do futebol do clube
No campo de jogo, o Vasco ainda é refém de poucas ideias. Atua com Gabriel Pec aberto pela esquerda, que tenta combinações com Nenê – este busca a tabela, mas na maior parte das vezes o adversário dá campo ao veterano porque sabe que na corrida a tendência é de bola recuperada.
Do outro lado, Bruno Nazário e Weverton caíam pela direita, com a ajuda, em alguns momentos dos volantes. Ao centro, Raniel no comando do ataque. Mas há um vácuo de criatividade para abastecer o atacante que tem sete gols em 15 jogos.
Como aconteceu nas semifinais do Carioca, Figueiredo entrou bem contra o Vila Nova. Finalizou duas vezes no gol e movimentou o ataque, com mais força e volume de jogo. Zé Ricardo ainda não deu sequência para o jovem da base do Vasco como titular. Precisaria abrir mão de um dos dois atacantes mais centralizados – Nenê e Raniel – ou de Bruno Nazário, meia pela direita.
Mais uma semana terá Zé Ricardo e seus jogadores até o próximo compromisso, contra o CRB, em Maceió, na segunda rodada da Série B. Este tempo é raro no futebol brasileiro, mas também se mostrará fatal para o futuro do treinador em caso de largada ruim na competição.

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