Justiça determina que governo reforce buscas a Bruno Pereira e Dom Phillips

No quarto dia de busca, as equipes ainda não têm indícios do paradeiro de Bruno Pereira e Dom Phillips. A Justiça determinou que o governo federal reforce o trabalho na região em que os dois desapareceram.

A juíza Jaiza Fraxe atendeu a um pedido da Defensoria Pública da União e da união das organizações indígenas do Vale do Javari – UNIVAJA.

Na decisão, a juíza afirma que há omissão da União no dever de fiscalizar as terras indígenas e proteger os povos indígenas isolados e de recente contato, e cita ataques reiterados à Terra Indígena Vale do Javari, a morte do funcionário da Funai Maxciel dos Santos, em 2019, e agora o desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillps.

A juíza determina que a União use imediatamente helicópteros, embarcações e equipes de buscas da Polícia Federal, forças de segurança ou Forças Armadas – no caso, o Comando Militar da Amazônia.

Além disso, autoriza o Ministério Público Federal e a Defensoria Pública da União a pedirem ajuda diretamente a essas instituições.

Bruno Pereira e Dom Phillips desapareceram no domingo (5), pouco depois das 6h. Eles tinham saído de barco, de uma comunidade ribeirinha em direção a Atalaia do Norte, no interior do Amazonas.

Os dois helicópteros do Ibama, que eram usados em operações na região, foram incendiados em fevereiro, no Aeroclube de Manaus. Segundo a PF, a mando de um empresário em represália às fiscalizações contra o garimpo ilegal em Roraima.

Montagem com fotos do indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips — Foto: TV Globo/Reprodução

Montagem com fotos do indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips

Nesta quarta-feira (8), em nota, a direção da Human Rights Watch no Brasil afirmou que “é imperativo que o governo brasileiro use imediatamente todos os recursos disponíveis para um esforço coordenado de busca em larga escala e sem mais atrasos. A resposta claramente insuficiente do governo brasileiro tem causado grande angústia para as famílias e entes queridos de Dom e Bruno, e também para todas as pessoas engajadas em esforços para expor e enfrentar a violência e a destruição ambiental que assolam a Amazônia”.

“Tão logo a notícia surgiu, eu tomei ciência, liguei imediatamente, passei uma mensagem no grupo de Comando das Forças que tinha acontecido e falei: ‘Imediatamente, o que tiverem por perto, coloquem à disposição’. Hoje, nós temos em torno de 150 militares, pessoal do Exército, guerreiros de selva, gente especializada em entrar no mato, no rio, no igarapé, no furo, pessoal da Marinha está lá também, a Força Aérea transportando helicópteros na área. Tudo está sendo feito em coordenação com a PF, com as agências governamentais do meio ambiente que estão lá, e eu conheço bem aquela área de Atalaia do Norte, subindo o Javari na direção do pelotão do Estirão do Equador. É uma área crítica, mas é uma área muito sensível. Tem muito problema na área, e a gente não tem a noção do que pode ter acontecido. A gente torce e reza para que sejam encontrados os dois com vida, sãos e salvos’.

 

O ministro da Defesa também falou sobre reforços: “É bem provável que a gente tenha que reforçar em termos de aeronave, embarcações, gente especializada, equipe médica, um efetivo grande das Forças Armadas.”

Em uma entrevista coletiva, o secretário de Segurança Pública do Amazonas, Carlos Alberto Mansur, disse que ainda não há provas sobre o que aconteceu com Bruno e Dom.

“Já ouvimos seis pessoas. Cinco como testemunhas, que estiveram próximas antes do desaparecimento das duas pessoas. E um suspeito. Esse suspeito, por enquanto, não tem nada a ainda. Não fizemos a ligação dele com o fato do desaparecimento”, declarou.

 

“Todo o esforço do Comando Militar da Amazônia e do Exército Brasileiro está sendo feito para que se obtenha o sucesso. É inegável que qualquer operação de busca ou rastreamento necessita do fio da meada, a origem. O Exército tem se apoiado no trabalho de investigação da Polícia Federal e da Polícia Civil”, reforçou o general Cláudio Henrique Plácido, do Comando Militar da Amazônia.

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