Senado cria comissão para acompanhar investigações sobre desaparecimento de jornalista e indigenista na Amazônia
O Senado aprovou nesta segunda-feira (13) a criação de uma comissão externa para acompanhar as buscas e as investigações sobre o desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips.
Pereira e Phillips estão desaparecidos desde 5 de junho após uma incursão na região do Vale do Javari, no Amazonas.
A comissão externa, que deve ir até o Amazonas, será formada por nove senadores (três integrantes da Comissão de Direitos Humanos, três da Comissão de Meio Ambiente e três da Comissão de Constituição e Justiça). A previsão é que o colegiado tenha um prazo de 60 dias de duração.
De acordo com o autor do requerimento de criação da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), é necessário o envio de todos os recursos possíveis para uma “rápida solução do caso”, bem como o esclarecimento de eventuais “mandantes e executores” de algum ataque contra o indigenista e o jornalista.
Segundo o senador, a medida tem o objetivo de que haja “subsídios suficientes para evitar, de uma vez por todas, que o exercício da proteção ao meio ambiente e às minorias e que o exercício do jornalismo deixem de ser atribuições de risco no Brasil”.
‘Criminalidade organizada’
No início da sessão desta segunda, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que há um sentimento de “perplexidade” com o desaparecimento de Phillips e Pereira e destacou que há um problema de “criminalidade organizada” na floresta amazônica.
Ao citar reportagem do Fantástico veiculada neste domingo (12), Pacheco reforçou que há um “estado paralelo” comandado pelo crime organizado relativo ao tráfico de drogas e de armas, ao desmatamento ilegal e ao garimpo.
“Caso se confirme o fato de terem sido eventualmente assassinados, caso isso se confirme, é uma situação das mais graves do Brasil. (…) Para além do sentimento humano da vida que se perde num atentado dessa natureza, há uma ofensa ao Estado brasileiro, há uma ofensa às instituições gravíssima. E nós do Senado Federal não podemos tolerar essa atrocidade”, disse Pacheco.
Desaparecimento
Pereira e Phillips foram vistos pela última vez no dia 5 de junho em uma comunidade chamada São Rafael. De lá, eles partiram rumo a Atalaia do Norte, mas não chegaram ao destino (veja no infográfico abaixo).
Mapa mostra onde jornalista e indigenista desapareceram na Amazônia
No domingo (12), equipes de busca encontraram um cartão de saúde e outros pertences de Bruno, além de uma mochila com roupas pessoais de Dom na área onde são feitas as buscas pelo jornalista inglês e pelo indigenista no interior do Amazonas.
Segundo as autoridades, o material estava próximo da casa de Amarildo Costa de Oliveira, conhecido como Pelado, o único preso suspeito de envolvimento no desaparecimento até aqui. Oliveira nega envolvimento no crime e familiares afirmam que ele foi torturado pela polícia.
Nesta segunda-feira (13), a mulher do jornalista britânico Dom Phillips, Alessandra Sampaio, disse que os corpos dele e do indigenista Bruno Pereira foram encontrados. No entanto, em nota, a PF negou a informação e a associação indígena Univaja, que denunciou o desaparecimento dos dois, não confirmou.