apesar de novos erros, Flamengo reage e é mais combativo; pouco repertório ofensivo preocupa

Flamengo voltou a perder em BH, mas deixou o Mineirão com ambiente diferente do vivido no último domingo. A torcida foi embora cantando “vamos virar, Mengo” após a derrota por 2 a 1 para o Atlético-MG muito em função da combatividade demonstrada e também por ter visto o time empurrar o adversário para o seu campo de defesa em grande parte do duelo.

No primeiro encontro entre os rivais pelas oitavas de final da Copa do Brasil 2022, o Flamengo voltou a apresentar erros. No primeiro gol, equívoco coletivo: Diego Alves demorou a tomar decisão sobre sair ou não do gol, Pablo calculou mal o tempo de bola, e Rodrigo Caio não conseguiu fazer a cobertura. No segundo, embora Hulk tenha arrastado três adversários, o corte displicente de Matheuzinho foi decisivo e deixou o Atlético na boa para armar o contra-ataque.

Isso num momento em que o time era melhor em campo e buscava o empate.

Além das falhas nos gols, o Flamengo também deixa outro ponto de atenção após os dois resultados negativos em BH: a falta de repertório ofensivo. A lentidão na transição da defesa para o ataque influencia essa dificuldade de agredir os adversários.

Arrascaeta mais uma vez esteve muito abaixo. Pela esquerda na maior parte do jogo, foi discreto e criou pouquíssimo. Gabigol voltou a sair demais da área e terminou uma partida pela segunda vez consecutiva sem finalizar.

Everton Ribeiro é outro que não acrescentou no setor de criação, mas ao menos tentou construir a partir do lado direito da defesa, de onde fez boas tabelas com João Gomes. Por aquela faixa, aliás, fez desarme decisivo no primeiro tempo após Keno receber com muita liberdade na área.

Andreas Pereira é o melhor em dia positivo dos quatro volantes

Andreas Pereira foi o melhor jogador do Flamengo. Terminou como líder de finalizações do duelo – com três, ao lado de Hulk – e deu muito combate no campo de ataque. Escalado à esquerda de Arão, o volante mais centralizado, Andreas movimentou-se muito no último terço do campo

Por ali, roubou bolas, fez cruzamentos e não deu sossego ao adversário. Poderia ter tomado melhor decisão aos 39 minutos do primeiro tempo, quando tinha Gabigol à direita e Arrascaeta mais próximo de si e com maior liberdade. Optou pelo 9, mas tocou fraco.

No segundo tempo já começou fazendo movimentos corretos e, após passe vertical de Rodrigo Caio, deu ótima bola para Matheuzinho interromper a jogada na entrada da área.

Se Andreas foi bem, Willian Arão também ajudou com uma saída limpa e poucos erros de passes (seis de 57). A bola longa sempre procurando o corredor direito estava entrando.

João Gomes, como de praxe, esteve bem no combate e deu bastante opção pela direita. Errou muitos passes – 13 de 69 -, mas acertou um que botou Rodinei em boas condições para encontrar Lázaro na área com cruzamento, no gol rubro-negro

O gol, aliás, tem participação de outro volante: Thiago Maia, que substituiu Andreas na reta final do jogo e ficou 17 minutos em campo. O camisa 8, com o peito, arredondou a bola para Gomes esticar para Rodinei. Entrou atento e não errou nenhum dos 13 passes tentados durante o jogo.

Opções ofensivas

Numa partida em que as principais chances vieram dos meio-campistas, Dorival apostou em Lázaro e Pedro. O primeiro fez gol e mostrou dinamismo em contra-ataques, apesar de alguns vacilos. O centroavante, por sua vez, entrou fora de sintonia. Errou bolas fáceis após receber de Gabi e Andreas e também não conseguiu finalizar.

Ao seu favor, Pedro tem o argumento da pouca sequência. Depois de cinco gols em sete jogos no mês de maio, passou a ter minutagem reduzida após pênalti perdido e má atuação na derrota por 2 a 1 para o Fortaleza.

Lateral-direito, Rodinei talvez tenha sido a opção ofensiva da etapa final mais interessante. Ganhou duelos individuais, apresentou-se constantemente para o jogo e deu uma assistência. No final do jogo, conseguiu mais um drible e outro cruzamento perigoso. Com Matheuzinho em mau momento e a saída de Isla, candidata-se a recuperar espaço no grupo.

Reação traz esperança, mas vencer é urgente

A combatividade e a atitude totalmente diferente em relação ao que Flamengo mostrou contra Fortaleza, Bragantino, Internacional e no primeiro jogo com o Atlético-MG trazem esperança, mas é preciso reagir com vitórias.

Acostumado a enfileirar triunfos nas temporadas anteriores, o Flamengo vive sequência incomum: perdeu cinco de seus últimos seis jogos. A primeira chance de tentar uma reabilitação é sábado, às 19h, contra o América-MG. Vencer, aliás, é fundamental para entrar confiante nas oitavas de final da Libertadores, no próximo dia 29, quando abre a disputa com o Tolima, na Colômbia

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