Análise: Fluminense perde organização no final do 2º tempo e amarga empate
O gol de empate sofrido aos 40 minutos do segundo tempo deu ao Fluminense um sabor amargo ao 2 a 2 diante do Santos, na Vila Belmiro, na última segunda-feira. A equipe se recuperou após fazer um primeiro tempo lento e chegou a virar na etapa final com dois gols em dois minutos. No entanto, as modificações após a virada fizeram o time perder a organização e ficar em cima do muro ao buscar o ataque com quatro volantes no meio de campo. Assim, o gol sofrido em contra-ataque, no apagar das luzes, deu um banho de água fria no torcedor.
Apesar de ter contado com mais posse de bola no primeiro tempo, o Fluminense apresentou dificuldades em encontrar espaços e chegar com perigo ataque. Sem mostrar aquele característico jogo de aproximação, a equipe pecou bastante na lentidão da troca de passes, que facilitava o encaixe da marcação do Santos, que, por sua vez, foi incomodando mais com pressão na saída de bola tricolor e presença mais constante no setor ofensivo.
Em lance de bola parada, o Fluminense vacilou na marcação, a bola teve um primeiro desvio no primeiro pau, e Luiz Felipe apareceu entre Nino e Nonato, em desvio meio esquisito, para marcar.
O enredo do primeiro tempo se manteve. Lento na transição, o Flu acabou controlado pela marcação santista. A necessidade de uma maior dinamismo no setor ofensivo ficou ainda mais claro com a finalização perigosa de Nonato e o chute de Samuel Xavier, finalizações que contaram com toques de bola mais rápidos. Ganso também colocou uma bola na trave em cobrança de falta.
No segundo tempo, a equipe retornou a campo com uma alteração: Martinelli entrou na vaga de Luccas Claro, e André foi recuado para a zaga. A modificação que, em um primeiro momento poderia trazer uma certa estranheza, na verdade, fez o time melhorar em campo, apresentando uma troca de passes mais dinâmica, com aproximação entre os jogadores, triangulações e impondo o jogo – o jeito que o torcedor se acostumou a ver o Fluminense atuar com Diniz.
O Fluminense passou a pressionar o Santos, e Sandry cometeu pênalti bobo em Matheus Martin aos 23 minutos da etapa final. Ganso, criado na Vila e bastante vaiado pelos torcedores do Santos a cada toque na bola, assumiu a responsabilidade e bateu com frieza invejável, deixando tudo igual no placar. E ainda comemorou fazendo gestos de maestro em direção à torcida santista
No minuto seguinte, Nino fez lançamento da defesa direto para o ataque, a bola bateu em Cano, e Arias no cantinho para virar. A partida, até então, parecia definida, mas as alterações – dos dois lados – mudaram, mais uma vez, a cara do jogo.
No Santos, Rodrigo Fernández entrou no lugar de Camacho, e Ângelo no de Vinícius Zanocelo. No lado do Flu, David Duarte entrou na vaga de Ganso, e Wellington na de Matheus Martins. Assim, a equipe voltou a ter dois zagueiros de ofício e passou a contar com quatro volantes.
O time perdeu a organização e, por mais que as duas linhas de quatro, uma delas formada por quatro volantes, remeta a uma retranca, o Fluminense até se apresentou mais recuado, mas acabou ficando em cima do muro, já que não abriu mão de se lançar ao ataque, com um meio de campo que não favorecia esse tipo de proposta. E foi em um contra-ataque nas costas de Caio Paulista que Ângelo carregou pela direita e cruzou para Marcos Leonardo, entre os zagueiros, deixar tudo igual
Nos acréscimos do segundo tempo, Caio Paulista invadiu a área quando caiu após contato com Lucas Braga. Na Central do Apito, o comentarista Sandro Meira Ricci garantiu que a arbitragem acertou ao não marcar a penalidade, mas o Fluminense reclamou muito do lance, o auxiliar Eduardo Barros, que ficou à beira do campo por conta de expulsão de Diniz, chegou a abrir a coletiva após o jogo criticando a atuação do VAR.
– É mais um evento que mancha o futebol brasileiro. É inadmissível um espetáculo de dois grandes clubes termine em incompetência do VAR. Não quero nomear o profissional responsável pela decisão, que deveria ter, no mínimo, chamado o Braulio (da Silva Machado, árbitro). Uma situação que já está escandalosamente cravada como penalidade por todos. Definiu de forma triste e infeliz a partida – reclamou.
Com a igualdade no placar, o Fluminense segue na terceira posição, com 35 pontos, mas se distância um pouco mais do Palmeiras: a diferença entre as equipes subiu para sete pontos. Mesmo com a frustração de uma vitória que escapou por muito pouco, a equipe segue levando a série invicta à frente: já são 12 jogos sem perder.
Agora, após maratona de jogos fora de casa, o time terá uma semana livre para treinos que será essencial não apenas pela necessidade de descanso dos jogadores, mas também para corrigir os erros que a equipe cometeu na partida. No domingo, o Fluminense finalmente vai voltar ao Maracanã, após quase u mês longe do estádio, para encarar o Cuiabá, às 16h (de Brasília).
– Hoje, tivemos que reverter um placar adverso e tivemos competência e condição física para fazê-lo. Passamos mais de 60 minutos correndo atrás do resultado. Não sei se o desgaste foi determinante para o resultado. Agora, duas semanas abertas depois de uma maratona dessas será essencial. Não só para descansar os jogadores, mas também para fazer os ajustes que o Diniz quer – disse Eduardo na coletiva.