Salman Rushdie: entenda a ordem de morte que o Irã emitiu em 1989 contra o escritor que foi atacado por homem nos EUA

Em 14 de fevereiro de 1989, o aiatolá Ruhollah Khomeini, do Irã, publicou uma fatwa em que pedia a morte do escritor britânico Salman Rushdie.

Rushdie foi atacado com uma faca nesta sexta-feira (12), quando estava prestes a dar uma palestra em Chautauqua, no estado de Nova York. Testemunhas dizem ter visto um homem correndo no palco e esfaqueando ou socando Rushdie enquanto ele estava sendo apresentado ao público. O crime aconteceu mais de 33 anos depois da publicação 

A polícia de Nova York afirmou que, aparentemente, ele foi esfaqueado no pescoço.

O que são fatwas?

Fatwas são determinações legais da lei islâmica, emitidas por uma pessoa com autoridade e que foi provocada —ou seja, é como um juiz na Justiça comum: alguém que tem autoridade para decidir questões que chegam a ele, mas não pode protocolar um processo e também tomar a decisão.

Para Khomeini, o autor, que é de uma família de muçulmanos da Índia, havia insultado o fundador da religião islâmica em um romance chamando “Os Versos Satânicos”, de 1988, e, por isso, deveria ser jurado de morte.

Um dos personagens do romance é um empresário que vira profeta e se chama Maomé. Para os muçulmanos, esse personagem é uma representação do profeta Maomé.

O romance foi proibido em muitos países onde há uma grande população muçulmana.

Após a publicação da fatwa, em 1989, Salman Rushdie viveu anos escondido para não ser assassinado.

Em 1998, o Irã passou a ser governado por reformistas e anunciou que não tinha intenção de pedir para que essa fatwa fosse cumprida.

Depois de cerca de 10 anos se protegendo cuidadosamente, ele começou a ter uma rotina pública, com aparições em eventos —ele participou em 2010 da Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip.

O governo do Irã não tinha poder para revogar uma ordem religiosa —que foi determinada, ainda por cima, pelo aiatolá Khomeini, o primeiro líder supremo do Irã após a revolução no país, em 1979.

De acordo com uma reportagem do “New York Times” de 2009, juristas, ativistas políticos e parlamentares acreditam que era impossível cancelar a fatwa

Nos últimos anos, organizações iranianas levantaram dinheiro para pagar uma recompensa de milhões de dólares pelo assassinato de Rushdie.

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