Republicanos e conservadores de extrema direita inflamam retórica antissemita e contra o FBI para defender Trump

Partidários do ex-presidente Donald Trump, incluindo políticos republicanos, alimentaram a retórica violenta em seu favor depois que agentes, autorizados pela Justiça, vasculharam a residência de Mar-a-Lago, na Flórida. A busca não foi em vão e resultou na apreensão de 11 conjuntos de documentos confidenciais e ultrassecretos, indicando que Trump pode ser enquadrado na Lei de Espionagem e infrações relacionadas a obstrução da Justiça e destruição de registros do governo federal.

Ainda assim, a narrativa fanática antissemita e anti-FBI foi inflamada para abraçar o ex-presidente e denunciar a ação como um complô para persegui-lo politicamente.

Enquanto os aliados de Trump se apressaram em vitimizar o ex-presidente, emergiu uma das vítimas concretas dessa retórica violenta: o juiz Bruce Reinhart, que assinou o mandado autorizando a agência de polícia investigativa do Departamento de Justiça a fazer a busca na propriedade de Trump na Flórida. Judeu e membro do conselho da sinagoga Beth David, em Palm Beach Gardens, ele sofreu ameaças em plataformas de mídia social e teve o endereço divulgado. O temor de ataques no fim de semana fez a sinagoga cancelar os serviços do shabat.

Caíram no lugar comum as comparações da operação do FBI às táticas da Alemanha Nazista, proferidas por vozes proeminentes do Partido Republicano, interessados em angariar apoio em torno de Trump. Chefe do Comitê Nacional Republicano do Senado, o senador Rick Scott vinculou as ações da agência policial americana à Gestapo, numa alusão desprovida de qualquer sentido histórico.

O magnata judeu George Soros é outro bode expiatório citado por congressistas e conservadores da direita radical. Sobrevivente do Holocausto na Hungria, ele tornou-se um dos detratores do premiê ultradireitista Viktor Orbán e frequentemente atacado por ele como um agente conspirador contra os cristãos.

Conforme resumiu Stacy Burdett, do Memorial do Holocausto dos EUA, os republicanos declamam teorias da conspiração de Soros com impunidade. “Escalar um mestre de marionetes judeu que controlaria a mídia, a economia e o governo para fins malignos é antissemitismo, ponto final. Então, por favor, pare”, tuitou ela, que já dirigiu a Liga Anti-Difamação

Entenda a investigação por espionagem contra Donald Trump

Expressões como “guerra civil” e “tirania” saíram facilmente das bocas de comentaristas de extrema direita, que rezam a cartilha supremacista fomentada pelo ex-presidente americano. Engana-se, portanto, quem pensa que Trump perdeu apoio entre seus seguidores por retirar da Casa Branca e levar para sua casa material ultrassecreto do governo

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