Palmeiras tem leve queda para 74% em chances de título, e Flamengo o persegue com 12%

Houve um tropeço do líder Palmeiras na 24ª rodada do Campeonato Brasileiro no empate diante do Fluminense, no Maracanã. O que mudou nas chances de título? Quase nada. A equipe alviverde caiu de 78% para 74% de possibilidades de acabar a competição em primeiro lugar. O Flamengo aproveitou a oportunidade para vencer o clássico contra o Botafogo e diminuir a vantagem verde de nove para sete pontos aumentando assim as chances de título de 8% para 12%. A distância ainda é bem considerável e, a cada rodada, o 11° título brasileiro fica cada vez mais perto do Allianz Parque.

Fluminense e Internacional correm por fora com 5% de chances de surpreender o favorito Palmeiras, mas precisam ter uma sequência positiva que ainda não tiveram no atual campeonato. No entanto, vale lembrar a ótima fase colorada que vem de três vitórias consecutivas iniciada justamente num 3 a 0 frente ao Tricolor carioca.

Em parceria com o economista Bruno Imaizumi, analisamos 89.659 finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 3.659 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013 que servem de parâmetro para medir a produtividade atual das equipes no ataque e na defesa a partir da expectativa de gol (xG), métrica consolidada internacionalmente. Os dados servem de parâmetro para calcular as chances de cada equipe vencer os jogos restantes, fazendo 10 mil simulações para cada partida a ser disputada, o que resulta nos percentuais quadro abaixo. A metodologia empregada está explicada no final do texto

Libertadores

Se o título tem no Palmeiras um favorito destacado, a luta pelo G-4 se mostra bem aberta entre FlamengoFluminenseCorinthians e Internacional. A alternância de posições entre essas equipes marcou as últimas rodadas, o que deixou a vaga direta para a Libertadores com uma disputa que chama a atenção. O Fla subiu de 74% para 80% e é o favorito para se consolidar nesse grupo, enquanto o Flu caiu de 67% para 63% dando brecha para alvinegros e colorados se aproximarem.

Mesmo empatados com 42 pontos, Internacional e Corinthians vêm mostrando rendimento diferente se observarmos a produção ofensiva e as últimas jornadas. O Timão ocupa a quarta posição, uma à frente dos gaúchos graças ao número de vitórias, mas a boa sequência de três resultados positivos fez o Inter subir de 37% para 58% de chances de G-4. Os paulistas caíram de 45% para 35%. Nada que não possa se alterar no próximo domingo, afinal as duas equipes se enfrentam na Neo Química Arena para medir forças.

Sem chances de ficar no G-4 ou mesmo no G-6, quatro equipes ficaram fora do ranking: CoritibaAtlético-GOAvaí e Juventude. A luta desses times é para não disputar a Série B na temporada 2023.

Permanência na Série A

Lanterna ao fim do turno, o Fortaleza é um exemplo de que não se deve desistir de buscar a recuperação mesmo que pareça pouco provável. Desde então foram cinco jogos e cinco vitórias, incluindo na lista de vítimas Corinthians e Internacional, quarto e quinto colocados respectivamente. As chances de permanência na Série A subiram de 68% para 89% na semana passada e agora para 95%. A cinco pontos do Z-4, o Tricolor cearense não pode deixar o ritmo cair, mas o pior aparentemente já passou.

São 12 equipes com mais de 90% de chances de permanência na Série A, o que deixa os demais concorrentes cada vez mais pressionados. O lanterna Juventude, após ser goleado pelo Inter, viu suas chances de seguir na elite diminuírem de 6% para 3,6%. O Coritiba venceu o Avaí, deixou a zona do rebaixamento e melhorou suas possibilidades de 32% para 45%, enquanto os catarinenses tiveram queda de 43% para 25%. O Atlético-GO perdeu o clássico para o Goiás e o técnico, caindo de 43% para 34% de possibilidade de ficar na Série A

Metodologia

Apresentamos as probabilidades estatísticas baseadas nos parâmetros do modelo de “Gols Esperados” ou “Expectativa de Gols” (xG), uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência as finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 3.659 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013.

As variáveis consideradas no modelo são: (1) a distância e o ângulo da finalização em relação ao gol; (2) se a finalização foi feita cara a cara com o goleiro; (3) se foi feita sem a presença do goleiro; (4) a parte do corpo utilizada para concluir; (5) se a finalização foi feita de primeira, ajeitada ou carregada; se o chute foi feito com a perna boa ou ruim do jogador; (6) a origem do lance (pênalti, escanteio, cruzamento, falta direta, roubada de bola, lateral etc); (7) se a assistência foi feita de dentro da área; (8) a posição em que o atleta joga; (9) indicadores de força do chute; (10) o valor de mercado das equipes em cada temporada a partir de dados do site Transfermarkt (como proxy de qualidade do elenco); (11) o tempo de jogo; (12) a idade do jogador; (13) a altura do goleiro em jogadas originadas de bolas aéreas; (14) a diferença no placar no momento de cada finalização.

De cada cem finalizações da meia-lua, por exemplo, apenas sete viram gol. Então, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada pontuação é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo. Essa variação indica as chances de os times vencerem cada adversário e, a partir daí, é calculada a chance de os clubes terminarem o campeonato em cada posição.

O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo intervalo de tempo (o jogo). Para chegar às previsões sobre as chances de cada time terminar o campeonato em cada posição foi empregado o método de Monte Carlo, que basicamente se baseia em simulações para gerar resultados. Para cada jogo ainda não disputado, realizamos dez mil simulações.

*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, João Guerra, Leandro Silva, Leonardo Martins, Roberto Maleson e Valmir Storti.

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