Qual o problema, comprar com dinheiro vivo algum imóvel?’, questiona Bolsonaro

Questionado nesta terça-feira (30) sobre reportagem do portal UOL que afirma que pelo menos 51 imóveis do presidente e da família foram comprados com dinheiro em espécie, o presidente Jair Bolsonaro (PL) respondeu: “Qual o problema, comprar com dinheiro vivo algum imóvel?”

De acordo com o UOL, a reportagem levantou, ao longo de 7 meses, os registros em cartórios de negociações de imóveis feitas por Bolsonaro, pelos filhos e por outros parentes.

O levantamento identificou transações de 107 imóveis de 1990 até aqui. Em 51 deles, os registros de cartórios apontam pagamento em “moeda corrente nacional”, termo formal usado para transações em dinheiro vivo.

A reportagem do UOL afirma que as compras feitas em dinheiro vivo totalizam R$ 13,5 milhões, em valores da época. Considerando a inflação desde então, chegam a R$ 25,6 milhões.

O presidente foi questionado pela imprensa, após um ato de campanha em Brasília, se a notícia das compras em dinheiro vivo daria munição aos adversários dele na eleição.

“Qual é o problema de comprar com dinheiro vivo algum imóvel? Não sei o que está escrito na matéria. Qual o problema?”, repetiu Bolsonaro.

O presidente continuou:

“Investiga, meu Deus do céu, investiga. Quantos imóveis são?”

Os jornalistas responderam que eram mais de cem. Bolsonaro perguntou “quem comprou?”. Os repórteres disseram que haviam sido ele e a família.

Nesse momento, Bolsonaro disse que, desde que ele assumiu o governo, seus filhos recebem “pancadas” das investigações.

“Já foi investigado. Desde quando eu assumi, 4 anos de pancada em cima do Flávio [Bolsonaro, senador], do Carlos [Bolsonaro, vereador], Eduardo [Bolsonaro, deputado federal], menos. Tenho cinco irmãos no Vale do Ribeira. O que eu tenho a ver com o negócio deles?”, argumentou o presidente.

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Investigações sobre os filhos

Entre as investigações sobre os filhos, citadas por Bolsonaro, estão as denúncias de rachadinhas.

Rachadinha é o nome dado à prática ilegal de um parlamentar pegar para si parte dos salários de funcionários de seus gabinetes.

Uma denúncia do Ministério Público diz que rachadinhas ocorreram no gabinete de Flávio Bolsonaro, quando ele era deputado da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

A estimativa dos investigadores é que o esquema das rachadinhas no gabinete do agora senador tenha movimentado cerca de R$ 2,3 milhões. Ainda de acordo com a denúncia, o dinheiro foi lavado com aplicação em uma loja de chocolates no Rio, da qual o senador era sócio, e em imóveis.

O MP também investiga se houve rachadinha no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro.

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