Risco de transfer ban? Corinthians negocia dívida com clube japonês por Jô e confia em acordo

Corinthians negocia com o Nagoya Grampus, do Japão, o pagamento parcelado de 2,6 milhões de dólares como forma de indenização pela contratação de Jô, hoje jogador do Ceará. O valor corresponde a R$ 13,6 milhões na cotação atual.

Caso não honre a dívida, o Corinthians será punido com “transfer ban” pela Fifa. Ou seja, ficará impedido de registrar novos jogadores por até três janelas de transferências.

Porém, segundo o presidente alvinegro, Duilio Monteiro Alves, esse risco não existe. Isso porque, de acordo com o dirigente, as tratativas com os japoneses estão sendo produtivas:

– Vem tendo conversas. Não estamos tendo problemas com eles. Vem encaminhando bem. Por enquanto, estamos tranquilos com as negociações, vendo uma forma de pagamento que não prejudique nosso caixa. Nada, nada (de risco de transferban) – disse o dirigente.

– Os outros que tínhamos de ação na Fifa foram pagos, todos. Só essa questão do Jô que a gente vem conversando e não vem encontrando tanta dificuldade para não resolver de forma amigável e tranquila para o Corinthians

O Timão foi condenado pela Fifa ainda em 2020 e, em junho desse ano, teve recurso negado na Corte Arbitral do Esporte (CAS).

Jô deixou o Corinthians em junho desse ano. No mês passado, o centroavante acertou com o Ceará.

Por que Jô e Corinthians foram condenados?

O atacante voltou para o Timão em junho de 2020, após duas temporadas no Japão.

Porém, Jô tinha vínculo com o Nagoya Grampus até o fim de 2021 e, meses antes de se transferir ao Corinthians, se desentendeu com os japoneses. O clube alega ter havido abandono de emprego do atacante e, por isso, não só suspendeu os pagamentos a ele a partir de abril, como também entrou com uma ação na Fifa pedindo uma indenização referente ao valor restante do contrato até dezembro.

O desentendimento de Jô com o Nagoya Grampus começou em fevereiro de 2020, quando o jogador machucou o joelho esquerdo.

– O treinador do Nagoya entendeu que o Jô tinha que ficar no Japão, mesmo com o clube fora para pré-temporada. Só que os fisioterapeutas e médicos viajaram com o time, estavam fora do país. O Jô entendeu que não iria se recuperar bem, precisava de uma fisioterapia que fizesse efeito e veio ao Brasil se tratar no Flamengo. Ele custeou a viagem para ter um tratamento melhor – explicou Breno Tannuri, em entrevista ao ge, ainda em 2020.

Semanas depois, Jô voltou ao Japão com Cláudia, então esposa dele, mas não foi relacionado para as duas primeiras partidas da temporada. Na sequência, o campeonato local foi suspenso por conta da pandemia do novo coronavírus.

O Nagoya Grampus havia liberado os atletas para ficarem em casa, mas não para deixarem o Japão. Assim, semanas depois, Jô foi avisado pelo clube de que seu salário estava suspenso.

Segundo o advogado de Jô, o atacante respondeu essa notificação e explicou o motivo da volta ao Brasil. As alegações, porém, não foram suficientes para convencer os asiáticos.

– Ele tinha que receber entre o final de abril e o começo de maio um bônus de 1 milhão de dólares, previsto em contrato. O que acontece é que, quando ele fala para o tradutor, numa quinta à noite, que voltaria ao Japão na segunda-feira, os diretores mandam uma notificação para o Jô no dia 2 de maio falando que o contrato estava rescindido. Se ele volta para o Japão, o Nagoya teria que pagar os salários e essas luvas de 1 milhão de dólares – revela Tannuri.

– Ele deixou os filhos no Brasil com os avós. Só que começou um “zum-zum-zum” de que os estrangeiros não poderiam sair do Japão. Quando falaram que seria fechada a fronteira, o Jô disse: “Eu preciso voltar”. Isso foi em abril. Então, eles voltaram ao Rio de Janeiro – conta o advogado.

O advogado de Jô concorda que o atacante poderia ser punido pela volta ao Brasil, mas alega que não havia justificativa para o rompimento de contrato. Breno Tannuri afirma que o atleta não perdeu treinamentos e nem havia motivo para tanta pressa, visto que o campeonato local só seria retomado no mês seguinte.

Após deixar o Nagoya, Jô assinou contrato de três anos e meio com o Corinthians. Por isso, a Fifa entende que o clube tem de ser solidário e bancar a indenização.

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