Análise: reservas do São Paulo evitam o pior em Cuiabá, mas pressão cresce antes de decisão
No Brasileiro, pouca coisa mudou. O São Paulo foi a 30 pontos, mas caiu para a 14ª posição. A distância para o primeiro time na zona de rebaixamento, hoje o Coritiba, agora é de cinco pontos. No torneio, ao que tudo indica, a reta final será de tentar se livrar do perigo da degola o quanto antes.
Ficou latente, porém, que mesmo nessa situação pouco confortável, a preocupação no clube é com a partida contra o Atlético-GO, na próxima quinta-feira, no Morumbi, pela semifinal da Copa Sul-Americana. Já havia pressão após a derrota por 3 a 1 no jogo de ida, em Goiânia. A passagem por Cuiabá reforçou o cenário
Quatro jogadores titulares sequer viajaram ao Mato Grosso: os zagueiros Diego Costa e Léo, o meia Rodrigo Nestor e o atacante Calleri. Luciano, que acompanhou a delegação, foi cortado horas antes da partida contra o Cuiabá por uma tendinite na coxa. Ele é dúvida para quinta.
A torcida não atenuou, pelo contrário.
Incomodados com os resultados recentes – o time estava numa série de quatro derrotas consecutivas –, um torcedor ofendeu Ceni na chegada do time ao hotel, no sábado. O técnico reagiu, bateu boca com ele.
Igor Gomes, personagem do jogo de ida em Goiânia por ter sido expulso ainda no primeiro tempo, foi hostilizado no hotel e na Arena Pantanal.
No estádio, Ceni ouviu gritos de “burro” quando decidiu colocar o meia em campo, no segundo tempo. Ainda antes do duelo contra o Cuiabá terminar, a torcida são-paulina avisou: “É quinta-feira!”.
– Esse “é quinta-feira” é de cobrança – disse o técnico Rogério Ceni depois da partida.
– A maioria da torcida nos recebeu bem. A ansiedade vem de 10 anos sem um título de maior expressão, isso gera ansiedade, gera cobrança, é direito do torcedor, que vê o São Paulo em posição inadequada com a história do clube, vê duas derrotas em semifinais, e fica mais ansioso pelo título – afirmou o treinador.
Em Cuiabá, com um time que falhou tecnicamente, o torcedor viu ao menos disposição – que levou ao empate e que, depois, quase chegou à vitória improvável em lances de contra-ataque.
É um alento.
O duelo contra o Atlético-GO tem sido tratado como obrigação desde que foi definido, com os dois times passando pelas quartas. Há a diferença de investimento, tradição e a pressão citada por Ceni sobre um clube que em dez anos conquistou só um título do Campeonato Paulista.
Ao São Paulo, uma eliminação, mesmo que com vitória, será desastrosa – e há pouca perspectiva de uma virada sobre o Flamengo, na Copa do Brasil, para compensar.
Os efeitos serão sentidos no Brasileiro, onde, hoje, só cinco pontos separam o time da zona de rebaixamento. É tudo muito arriscado.
Os próximos dias serão tensos no Morumbi – onde, nesse contexto, serão discutidos também os rumos políticos do clube, com dirigentes em campanha para que a proposta que permite a reeleição do presidente seja aprovada. Até para eles, os cartolas, o jogo de quinta-feira tende a definir destinos.