Quem é Liz Truss, uma admiradora de Margaret Thatcher que pretende seguir seus passos como primeira-ministra do Reino Unido

Admiradora da primeira-ministra Margaret Thatcher, a quem interpretou quando criança em uma peça no colégio, ela espera agora seguir seus passos como a terceira mulher a chefiar o governo no Reino Unido.

Assim como Thatcher, apelidada de “dama de ferro” por sua mão dura quando governou o país de 1979 a 1990, Truss, de 46 anos, é uma defensora do livre comércio e entrou na campanha para suceder o primeiro-ministro Boris Johnson encarnando a ala mais à direita do Partido Conservador

Da esquerda para a direita

Nascida em 26 de julho de 1975, casada e com duas filhas, “Liz não tem medo de dizer o que pensa, e acredita que livrar as pessoas dos procedimentos burocráticos onerosos para criar empresas e fazê-las crescer é a chave de nosso futuro econômico”, diz um texto publicado em sua página na internet.

Após uma década no setor privado, sobretudo como diretora comercial, foi primeiro vereadora no sudeste de Londres e depois se tornou deputada em 2010, pela distrito eleitoral de South West Norfolk, no leste da Inglaterra.

Em 2012, entrou no governo e ocupou uma série de ministérios, primeiro como secretária de Estado de Educação e depois como ministra do Meio Ambiente de 2014 a 2016.

Também foi a primeira mulher ministra da Justiça e, posteriormente, secretária-chefe de Tesouro.

No entanto, sua presença nas fileiras conservadoras estava longe de ser óbvia.

Truss cresceu em um entorno bastante ligado à esquerda. Na Universidade de Oxford, onde se formou em política e economia, presidiu um grupo liberal-democrata que na época apoiou um segundo referendo sobre o Brexit.

Conforme ela mesma admitiu, escandalizou seus pais, um professor de matemática e uma defensora do desarmamento nuclear que costumava acompanhar nas manifestações quando criança, ao acabar adotando posturas muito à direita.

Os conservadores, entre os quais ela rapidamente se converteu em uma estrela emergente, tinham ideias que se encaixavam melhor com as suas.

“Minha filosofia pessoal”, disse uma vez ao jornal The Guardian, “é dar às pessoas a oportunidade de tomar suas próprias decisões”.

Gafe como ministra

Por quase um ano, ocupou a pasta de Relações Exteriores e chegou a imitar Thatcher, posando com um gorro de pele russo na Praça Vermelha em fevereiro, durante uma viagem a Moscou para tentar dissuadir o presidente Vladimir Putin de invadir a Ucrânia.

Mas a viagem, além das piadas geradas por essas fotos, terminou em um fiasco diplomático.

Em particular, Truss caiu na armadilha de seu par russo, Sergei Lavrov, e cometeu uma gafe ao dizer que ela nunca reconheceria a soberania de Moscou sobre Rostov e Voronezh, provavelmente confundindo elas com as regiões de Donetsk e Luhansk, locais que estão em disputa na Guerra da Ucrânia.

Junto com Johnson, Truss incorporou o apoio maciço do Reino Unido para a Ucrânia, com sanções econômicas em uma escala sem precedentes.

Também se destacou por sua postura, primeiro conciliadora e depois intransigente, com a União Europeia nas delicadas negociações sobre os acordos pós-Brexit para a Irlanda do Norte.

Acordos comerciais

Sua indicação ao Ministério de Relações Exteriores foi tanto um incentivo como um meio, por parte de Johnson, de tentar controlar as ambições desta figura ascendente.

Mostrando-se leal até o fim, agora terá que conseguir um delicado equilíbrio para aproveitar o trabalho realizado nos últimos meses sem que seja vista como uma herdeira direta do polêmico líder conservador.

Quando chegou ao poder, em julho de 2019, Johnson havia confiado a ela a pasta de Comércio Exterior.

Nesse cargo, que permitiu que se familiarizasse com os canais diplomáticos, Truss se tornou o rosto das negociações comerciais de Londres após o Brexit.

Foi uma mudança de rumo total para uma mulher que havia defendido a permanência britânica na União Europeia durante o referendo de 2016, antes de dizer que via oportunidades econômicas no Brexit.

Ela trabalhou para forjar novas alianças de livre comércio e concluiu acordos com Japão, Austrália e Noruega.

Mas seus críticos afirmam que esses tratados apenas reintroduzem as vantagens perdidas com a saída da UE. Além disso, Truss não conseguiu o grande acordo comercial com

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