Análise: Fluminense vê poder de reação sair dos pés de Matheus Martins
O empate do Fluminense com o Botafogo em 2 a 2, no último domingo, no Maracanã, teve um sabor mais doce do que amargo levando em consideração a situação em que o Tricolor esteve na partida. O Alvinegro chegou a abrir 2 a 0, mas a reação tricolor veio com o mérito de Matheus Martins. O camisa 37 entrou aos 27 do segundo tempo e mudou o rumo do jogo: sofreu o pênalti convertido por Ganso, marcou o gol de empate e garantiu um ponto para a equipe do técnico Fernando Diniz em um duelo no qual tudo parecia perdido.
O Fluminense não fez um primeiro tempo ruim. A equipe até teve boas chances desde o começo da partida, como na bola na trave de Cano aos 24 minutos ou na chance de Yago aos 34. O Flu criava quase que exclusivamente pelo lado direito do ataque, o que tornou mais difícil fazer a bola rodar ou até mesmo inverter a jogada e trazer um pouco mais de imprevisibilidade para o jogo. Calegari atuou na lateral esquerda em mais um improviso na posição e foi pouco
Apesar de não ter mantido a intensidade dos minutos iniciais ao longo da primeira etapa, a equipe tricolor estava ligeiramente melhor no jogo. Aos 40 minutos, no entanto, o Botafogo conseguiu trabalhar a bola sem maiores dificuldades, e em um chute cruzado rasteiro, Nino deu bobeira na marcação, e Eduardo abriu o placar.
No segundo tempo, Diniz sacou Manoel para a entrada de Nathan. Assim, André foi recuado para a zaga, em estratégia que o treinador já adotou em outros confrontos em que a equipe saiu atrás no placar. Mas logo aos seis minutos, a equipe visitante acabou aproveitando o espaço que surgiu no meio-campo por conta de um desajuste de posições após o recuo. Jeffinho recebeu de Júnior Santos nas costas de Martinelli, invadiu a área e chutou cruzado para ampliar para o Botafogo.
A partir daí, o emocional parece ter pesado. Nas oportunidades que criou, o Fluminense pecou com finalizações fracas e deu algumas bobeiras em erros de passe. Aos 21, Jeffinho voltou a aparecer pelo lado direito do campo de defesa do Fluminense e tocou para Gabriel Pires chutar de fora da área. Fábio espalmou mal, para o meio da área, e Tiquinho chutou para a rede, mas já não valia nada por posição de impedimento. O goleiro, que já vinha sendo vaiado, foi xingado por torcedores após o lance
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A essa altura, uma recuperação do Fluminense parecia improvável, e a partida assumia ares de definição. No entanto, uma substituição colocou um herói improvável em campo: Matheus Martins. O jovem entrou na vaga de Yago e deu outro rumo para a partida. Logo em sua primeira participação, com menos de um minuto em campo, ele driblou Daniel Borges, invadiu a área e foi derrubado por Patrick de Paula. O árbitro marcou pênalti, e o lance parece ter levado a torcida para perto da equipe mais uma vez.
Ganso converteu em cobrança cheia de frieza, o Tricolor correspondeu em campo, e a torcida acompanhou na arquibancada. O time inteiro sentiu o bom momento no jogo e passou a pressionar mais. E o empate veio aos 36: Cano recebeu na área e dominou no peito, mas foi travado na finalização. A bola sobrou para Arias, que tocou para Nathan chutar para defesa de Gatito. No rebote, Matheus Martins soltou a bomba e mudou o curso da partida. A sensação é que a virada poderia até chegar se houvesse mais tempo, mas o empate ficou de bom tamanho para o que foi o jogo
Matheus Martins, que não vinha tendo boas atuações e acabou perdendo espaço na equipe titular, mostrou que o mundo dá voltas e foi o responsável pela recuperação do Fluminense na partida. E o desempenho do jogador no clássico só reforça o óbvio: é preciso ter paciência, ainda mais com jovens que saíram há pouco
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– Não é fácil um jogador de 19 anos receber vaia. Temos a ilusão de que o jogador que sai de Xerém está pronto e vai dar conta. Temos que ter paciência. O Martins saiu e foi muito bem. Jogador bom é o que está com confiança. Para amadurecer, tem que passar por esse processo. Não é todo dia que o Martins vai desequilibrar como desequilibrou hoje. Quando o time cresce, os jogadores ganham estrutura emocional – disse Diniz na coletiva.