Atlético-MG: saída de Coudet teve vestiário perplexo, reunião de crise e análise jurídica; veja bastidores
O Atlético-MG havia empatado com o Bragantino por 1 a 1, no Mineirão, na 10ª rodada do Brasileiro. Resultado ruim, mas nada catastrófico. A coletiva de Eduardo Coudet, entretanto, teve um ar estranho, melancólico. O que parecia ser mais uma noite tranquila de pós-jogo do Galo, se transformou em turbilhão. Quando o relógio marcava exatamente 22h30, a mensagem de uma fonte: “Tenho uma notícia-bomba”
Relembre a passagem de Eduardo Coudet pelo Atlético-MG
Coudet é cornetado e encara torcedores após empate do Atlético-MG com o Bragantino
Após alguns minutos de apuração e checagem, a informação se confirma: no vestiário, Chacho Coudet avisou que estava indo embora. Quem presenciou a cena relata perplexidade com as palavras de Chacho, e o clima que ficou bastante tenso, com embates verbais. E um resumo: “Ele é bom treinador, mas faltou espírito de liderança”, disse uma fonte da diretoria, ao ge.
Coudet pegou o avião para a Argentina, onde passará os dias de folga com a família. Avisou aos jogadores que aquela reunião após a partida indicava a última vez que os veria na condição de técnico do Galo. Coudet chegou a ser confrontado por um dirigente do Atlético, de que ele deveria repetir a fala interna diante dos microfones, para a imprensa. Não o fez. A coletiva durou curtos sete minutos.
O empresário do técnico, Cristian Bragarnik, disse que Chacho ainda está no posto. Mas, então, houve a decisão fatal algumas horas depois de “reuniões de crise” no órgão colegiado. Nas primeras horas da manhã de domingo, a repercussão da matéria publicada pelo ge às 23h34, trazia os primeiros indícios de que Eduardo Coudet deixaria de ser o treinador do Atlético
Na visão dos dirigentes do Galo, Chacho fez o comunicado para cerca de 50 testemunhas presentes no vestiário. Entre elas, o atacante Hulk. Mesmo suspenso, o artilheiro foi ao Mineirão, e compareceu ao camarim do Atlético antes e após o jogo.
Pavón e Vargas foram os primeiros a saírem. Depois, os outros atletas deixaram o estádio. Alguns, entre eles Hulk, tiraram fotos com poucos torcedores presentes no estacionamento do Gigante da Pampulha. “Os jogadores deixaram o Mineirão sem acreditar no que o Coudet havia feito”, afirmou outra fonte consultada pela reportagem.
Os quatro R’s (Rafael Menin, Rubens Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador), bem como o presidente Sérgio Coelho, se reuniram com outros pares da diretoria a fim de elaborar o comunicado oficial postado pelo Galo em suas redes sociais, às 14h41 de domingo. Antes da decisão, a cúpula do clube já considerava que Coudet estava fora do clube: “Por mim, ele está fora. Ele pediu demissão. Assunto com o jurídico”.
É um caso complexo. Eduardo Coudet não foi a público pedir o boné, tampouco assinou qualquer solicitação formal. Entretanto, o seu posicionamento interno, com testemunhas, pode servir de argumentação jurídica para o Galo solicitar a rescisão contratual motivada pelo treinador. Neste cenário, o clube irá notificar Chacho a fazer o pagamento da multa: R$ 16.670.708.50 em valores exatos
Chacho Coudet ficou isolado na confusão do vestiário, pegou o avião para a Argentina, e almoçou no domingo com o aviso público feito pelo Atlético que ele não era mais técnico do clube.
O ge tentou contatos com o treinador, bem como membros de seu staff, sem nenhum retorno até agora. O Atlético já busca novo técnico para assumir o time e seguir na temporada de 2023, que tem Libertadores e Brasileiro.
Entretanto, Coudet não pode ser considerado passado. Pelo valor da multa, a briga vai parar na Fifa, ou será feito um acordo. Ficará marcada a última imagem do treinador com a torcida: uma encarada contra alguns poucos atleticanos no setor roxo que xingaram Coudet após o empate diante do Bragantino.