“Eu piso devagar, eu piso devagarinho. A renda que roda vem chegando de mansinho”. Os versos da canção abriram a noite da 2º edição do Festival para infância e juventude UBU ERÊ no Sesc Cultura. Com saias rodadas espalhadas pelo chão, o público foi convidado a dançar na sexta-feira (18) com o Grupo Renda que Roda da UEMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

A cultura popular foi a grande estrela da noite que contagiou a plateia através de ritmos e passos nascidos em diversas regiões do País. Quem não sabia nenhum passo ou verso de música aprendeu na prática durante a apresentação dos integrantes do grupo ligado a graduação em dança e teatro da universidade.

O evento que faz parte da comemoração ao Dia do Folclore Brasileiro, em 22 de agosto, é idealizado pelos produtores culturais Douglas Moreira, Edner Gustavo e Douglas Caetano. Os atores do grupo UBU conversaram com o Lado B para falar sobre o projeto que une pessoas de ‘todas as infâncias’.

Saias rodadas foram deixadas no chão para público vestir e dançar. (Foto: Juliano Almeida)
A partir do espetáculo ‘Pelega e Porca Prenha na Mata do Pequi’, o grupo desenvolveu o festival que espalha e celebra a cultura através de trabalhos audiovisuais, literários e teatrais de artistas e grupos de Campo Grande. Douglas Caetano fala sobre a pesquisa de cultura regional que o Grupo UBU realizou.

“O grupo já tinha uma pesquisa anterior acerca da cultura e folclore do Estado. Quando foi montado o Pelega e Porca prenha foi feito o recolhimento de diversas histórias e lendas do Estado e anterior. Percebemos o quanto tinha coisa para ser recolhida, falada e o quanto o Estado era extremamente rico dentro de toda a linguagem artística que envolve a cultura popular”, afirma.

A convite do Grupo Ubu, o ‘Renda que Roda’ trouxe para o festival a “Experiência de Dança”. A professora de dança e teatro da UEMS, Gabriela Salvador comenta que desde 2016 o grupo pesquisa e trabalha com danças populares. A “Experiência que Dança”, conforme ela, é um projeto levado as escolas.

Atores e produtores culturais do grupo Ubu, Douglas Moreira, Edner Gustavo e Douglas Caetano. (Foto: Juliano Almeida)
“O projeto que trouxemos para cá estamos levando para algumas escolas de Mato Grosso do Sul. A gente trabalha a dança como linguagem e expressão artística no movimento de descolonização. A gente mostra que a dança não é só o balé, o moderno, contemporâneo, mas que também produzimos bastante dança trazendo o que o Brasil tem a oferecer”, diz.

Na apresentação de sexta-feira, alunos do EJA (Educação de Jovens e Adultos) das escolas municipais Consulesa Margarida Maksound Trad e Doutor Plínio Barbosa Martins acompanharam o festival.

Além dos estudantes, o festival atraiu a atriz Luciana Froz dos Santos que por mais de 20 anos esteve envolvida com o teatro. Hoje, ela conta que gosta de acompanhar os espetáculos, mas na plateia. “É muito bom porque quando a gente faz teatro a gente morre aprendendo independente de ser professor, diretor. A gente pega o espetáculo e traz pra gente, então é muito interessante para a vida”, afirma.

Professora de dança e teatro da UEMS, Gabriela Salvador fala sobre o Renda que Roda. (Foto: Juliano Almeida)
Experiência de Dança – Com instrumentos musicais, com pandeiro, atabaque e tambores, o Renda que Roda ditou o ritmo e o tom da noite. O samba com influência de Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia preencheram os primeiros minutos da apresentação. Em seguida foi a vez do coco de Alagoas e o cacuriá do Maranhão contagiaram o público.

Para cada dança, a professora e os alunos ensinavam a plateia letras e passos. Enquanto alguns entraram na roda logo de primeira, outros demoraram para se soltar, colocar a saia e arriscar um passinho. Durante a apresentação é impossível não se contagiar, bater palmas e se envolver de alguma forma com a arte.

Neste sábado (19), o Grupo Ubu finaliza a programação do festival com o espetáculo ‘Pelega e Porca Prenha na Mata do Pequi, às 16h, no Sesc Cultura. Douglas Moreira fala sobre algumas das lendas que inspiram o espetáculo.

Público participou da roda de dança e cantou as músicas do grupo. (Foto: Juliano Almeida)
“Todo o enredo da história do espetáculo passa pela pisadeira. É uma trama dela, são dois irmãos que fogem, não querem tomar banho e vão pra mata. Lá está rolando essa confusão com o curupira, boca de sapo e a pisadeira”, destaca.

O Sesc Cultura está localizado na Avenida Afonso Pena, 2270, Centro.

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