Conheça o jovem casal de influenciadores argentinos que administra as redes sociais da Presidência de Milei

Eles se conheceram através das redes sociais em 2020, em plena pandemia da Covid-19, começaram a namorar e a militar juntos em movimentos da direita argentina, e hoje são dois dos principais assessores em comunicação digital do governo do presidente argentino, Javier Milei. Aos 22 e 21 anos, Iñaki Gutiérrez e Eugenia Rolón, respectivamente, são amigos do chefe de Estado e estão, junto a outros assessores, encarregados de administrar as redes sociais da Presidência argentina.

O jovem casal de influenciadores da direita argentina, ainda na faculdade — ela estudando Ciência Política e ele Direito e Economia —, vem roubando a cena na Casa Rosada, onde ambos trabalham diariamente cumprindo funções pelas quais, confirmaram em suas redes sociais, não pretendem ser remunerados. Como não podem renunciar a seus salários, se comprometeram a doá-lo mensalmente, como fez Milei nos dois anos em que foi deputado nacional. Gutiérrez e Rolón são o retrato do eleitor médio do presidente argentino: jovens, defensores de bandeiras como o combate às ideias e políticas de esquerda, ao feminismo, à política tradicional e a conquistas conseguidas pela sociedade argentina nos últimos tempos, entre elas a legalização do aborto.

Jornalistas que cobrem o palácio presidencial argentino já se encontraram com o casal no refeitório e nos corredores. Ambos, que também trabalham para congressistas do partido A Liberdade Avança, aos que sim cobram por seus serviços — segundo eles mesmos confirmaram em entrevistas —, pertencem ao círculo mais íntimo do presidente. Segundo confirmou um desses jornalistas, que pediu para não ser identificado, Milei passou o último Ano Novo com seus dois assessores influencers, e não com sua própria família.

O presidente não é casado e não tem filhos, apenas, como costuma dizer, “filhos de quatro patas”, em referência a seus quatro cachorros. Há alguns meses começou a namorar a atriz Fátima Flórez, mas Gutiérrez e Rolón continuam sendo duas das pessoas de maior confiança do chefe de Estado.

A primeira em conhecer Milei foi Rolón, numa palestra que o presidente deu na província de Santa Fe, terra natal da jovem, em 2018. A assessora em comunicação da Presidência tinha apenas 16 anos e, segundo contou em entrevistas a meios locais, ficou encantada com as ideias libertárias de quem, naquele momento, era apenas um economista que aparecia em programas de TV. Em 2021, a jovem apresentou seu namorado a Milei durante a campanha para as legislativas daquele ano, e Gutiérrez passou a ser o encarregado da conta de TikTok do então candidato a deputado.

— Milei sempre se apoiou muito nos jovens, por isso não chama a atenção que duas pessoas tão jovens estejam na estrutura de seu partido — opina Patricio Talavera, professor da Universidade Nacional de Buenos Aires.

Para ele, “Gutiérrez e Rolón não tomam decisões políticas, nem econômicas”.

— Não podemos esquecer que há seis meses Milei não era favorito. Seu partido existe há apenas dois anos e muitas das coisas que estamos vendo são naturais, se levamos em consideração a vertiginosidade do processo. Para Milei, os vínculos pessoais são muito importantes — acrescenta o professor.

O presidente costuma chamar Gutiérrez de “o menino Iñaki”. O assessor é uma das pessoas que tem acesso ao gabinete presidencial com frequência, assim como a irmã do presidente, Karina Milei, nova secretária geral da Presidência. Como Milei, seus dois jovens assessores se referem à irmã do presidente como “a chefe”.

O que uniu Milei a estes dois jovens, entre outros que integram a estrutura de seu novato partido, foram as redes sociais. Em entrevista a rádios locais, Gutiérrez afirmou que “o que tivemos em comum, desde um primeiro momento, foi a certeza de que as redes sociais eram uma poderosa ferramenta para usar na campanha, isso nos permitiu trabalhar juntos. Milei sempre dedicou muito tempo às redes”.

Aos 21 e 22 anos, os jovens assessores presidenciais são nativos digitais, e o que mais tiveram de comentar nas últimas semanas é como pretendem fazer para lidar com a realidade nas ruas, os protestos, e a difícil crise econômica que assola o país.

— Antes comunicávamos propostas, agora vamos comunicar medidas — respondeu Rolón, que revelou ter iniciado sua militância política para, entre outras coisas, enfrentar o feminismo.

— Na primeira conversa que tive com Milei, quando tinha 16 anos, disse a ele que a política me interessava porque eu não queria ter medo das feministas na hora de dar minha opinião. Ele me disse que esse assunto o interessava e começamos a nos seguir nas redes — contou Rolón, em entrevista ao jornalista Ernesto Tenembaum, da Rádio Con Vos.

O casal está convencido de que o presidente vai controlar a situação, e de que tudo o que anunciou na campanha será implementado, no médio ou longo prazo, inclusive a dolarização — que ministros do Gabinete já descartaram. Se houver muita resistência nas ruas, afirmaram ambos, os militantes libertários serão convocados para defender o governo.

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