Opinião: Inter se acostuma aos fracassos e resta ao time correr atrás dos 45 pontos no Brasileirão

A eliminação do Inter para o Rosario Central pegou de surpresa apenas os desavisados. Sinceramente? A decepção já era esperada pelo futebol medíocre, a incapacidade de indignação do time e, claro, o histórico recente de fracassos. Não deu outra. A atuação na terça à noite foi apática e pouco criativa. Jogar no Beira-Rio virou um tiro que sai pela culatra. E a temporada não acabou! É preciso somar 45 pontos para evitar um vexame ainda maior.

Antes de mais nada é preciso deixar registrado que o clube foi diretamente afetado pelas enchentes de maio, fato que comprometeu os planos para 2024. Entretanto, o curioso disso tudo é que o Inter ‘sobreviveu’ ao período longe de casa. Estava na luta por G-6 e vivo nas copas. Em questão de dias, mesmo com o retorno do Beira-Rio e dos selecionáveis, tudo mudou.

A verdade é que a campanha na Sul-Americana foi de um constrangimento absoluto. A equipe ficou em segundo em um grupo com Belgrano, Delfín e Tomayapo. Disputou a repescagem da segunda divisão da América e caiu para o 11º colocado do campeonato argentino.

O futebol apresentado nos 180 minutos não mereceu mais do que a eliminação. Com exceção do ímpeto inicial nos dois tempos, a apatia dominou o jogo da equipe. O fervor dos colorados veio à tona somente no empurra-empurra com os argentinos segundos antes do apito final.

O trio Alan Patrick, Borré e Valencia sucumbiu em meio aos defensores do Rosario Central. O camisa 10 está irreconhecível. O jeito de aparente displicência de Enner Valencia irrita. Embora tenha jogado pouco, o colombiano foi o mais lúcido em campo entre os três e disse que o Inter vai brigar no Brasileirão por vaga na Libertadores. Será mesmo?

Os jogadores parecem ter medo de arriscar ou tentar o diferente quando jogam em casa. É verdade que, por vezes, a torcida pressiona e inconscientemente, talvez, joga contra. O ambiente se torna pesado e abala o mental de quem está em campo. Renê virou alvo após o gol sofrido. As vaias ecoaram pelo estádio ainda no primeiro tempo

Mas é preciso entender o torcedor. Haja paciência. O tão comemorado retorno para casa se transformou em frustração. Derrotas para Vasco e Juventude e eliminação na Sul-Americana. Os colorados testemunharam a oitava eliminação no Beira-Rio de 2021 para cá: Central, Juventude, Fluminense, América-MG, Caxias, Melgar, Olímpia e Vitória. Percebam o quilate dos rivais, respeitosamente

Torcida do Internacional protesta no Beira Rio após eliminação na Copa Sul-Americana

A direção apostou muitas fichas em quem pouco entregou. Confiou cegamente em Eduardo Coudet, responsável pela fragilidade física, técnica e coletiva do time. Um técnico que ganhou todas as peças que exigiu, menos Oscar, e até no gramado do Beira-Rio meteu a colher. Perdeu a mão e foi demitido.

O Inter foi para quatro jogos de mata-mata e conseguiu a proeza de ter três técnicos diferentes, sendo que o interino Pablo Fernandez atuou em dois duelos. A tentativa por Sergio Conceição foi uma piada de mau gosto, uma aventura que atrasou a chegada de Roger, o menos culpado em todo o processo.

A crise aumenta e os bastidores estão em ebulição. O departamento de futebol pode implodir nesta quarta-feira. Felipe Becker, vice de futebol, e Magrão, diretor esportivo, estão por um fio. O Inter está à deriva e navega em um mar perigoso. Resta uma competição e um desafio: 45 pontos no Brasileiro

Pensar só na tão falada pontuação que garante a permanência na Série A pode parecer alarmismo. Mas como confiar no Inter? A sequência que vem pela frente terá Bahia, em Salvador, Palmeiras e Athletico, em Porto Alegre. Times que brigam na parte de cima da tabela. Há jogos atrasados, é verdade, mas quando um trem grande sai dos trilhos, meu amigo…

O planejamento para a janela de transferências vai mudar. Uma pequena reformulação pode ocorrer no elenco. Vitão, Robert Renan, Aránguiz, Matheus Dias e Alario, cada um com seu contexto, podem sair. Renê já indicou que sairá em dezembro. Será necessário driblar as dificuldades financeiras e reforçar o elenco em quase todos os setores.

É preciso superar o clima de velório no vestiário – expressão usada por Alan Patrick – para que o grupo consiga dar uma resposta imediata já no sábado. Roger terá três treinamentos para reorganizar a casa e buscar um recomeço com apenas uma competição em julho.

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