Desastre do submersível Titan: 5 questões-chave não respondidas até hoje
Era o submersível que prometia uma viagem inesquecível: a chance de descer 3.800 m (12.500 pés) até as profundezas do Atlântico para avistar os destroços do Titanic.
Mas um mergulho do submarino Titan, da Oceangate, no ano passado, deu terrivelmente errado.
A embarcação sofreu uma falha catastrófica ao se aproximar do fundo do mar, e todas as cinco pessoas a bordo morreram.
A Guarda Costeira dos EUA deu início a uma audiência pública no dia 16 de setembro para investigar as causas do desastre — do design não convencional do submarino até os avisos de segurança ignorados e a falta de regulamentação nas profundezas.
O submarino Titan começou sua descida na manhã de 18 de junho de 2023.
A bordo estavam o CEO da Oceangate, Stockton Rush, o explorador britânico Hamish Harding, o mergulhador veterano francês Paul Henri Nargeolet, o empresário britânico-paquistanês Shahzada Dawood e o filho dele, Suleman, de 19 anos.
A Guarda Costeira dos EUA foi notificada mais tarde naquele dia, após a embarcação não ressurgir, dando início a uma vasta operação de busca e resgate.
O mundo assistiu e esperou por notícias do submarino desaparecido. Mas em 22 de junho os destroços foram descobertos a cerca de 500 m (1.600 pés) da proa do Titanic. O Titan implodiu apenas uma hora e 45 minutos após o mergulho.
Estas são cinco perguntas-chave que ainda precisam ser respondidas:
- Os passageiros sabiam que o mergulho estava dando errado?
- O que falhou?
- Os sons do oceano distraíram a busca?
- Por que as preocupações com a segurança foram ignoradas pela Oceangate?
- Por que as autoridades permitiram que o Titan mergulhasse?
Os passageiros sabiam que o mergulho estava dando errado?
Quem estava dentro do Titan podiam manter contato com o navio de apoio, o Polar Prince, com mensagens de texto enviadas pelo sistema de comunicação de bordo.
O registro dessas trocas pode revelar se havia alguma indicação de que o submarino estava com problemas.
A embarcação também tinha um dispositivo de monitoramento acústico — microfones fixados no submarino que captariam sinais de que ele estivesse entortando ou quebrando.
“Stockton Rush estava convencido de que se houvesse uma falha iminente do submersível eles receberiam um aviso sonoro por esse sistema”, explica Victor Vescovo, um importante explorador de águas profundas.
Mas ele disse ser altamente cético de que haveria tempo suficiente para o submarino retornar à superfície. “A questão é quão rápido esse aviso aconteceria?”
Se não houve problemas aparentes durante a descida e os alarmes não tiverem soado, as pessoas a bordo podem não ter estado cientes de seu destino iminente.
A implosão foi instantânea. Não teria havido tempo para os passageiros sequer notarem o que estava acontecendo.
O que falhou?
Especialistas forenses buscam a origem da falha nos destroços do Titan.
Foram levantadas várias questões relacionadas ao design.
A janela de visualização foi classificada para uma profundidade de apenas 1.300 m (4.300 pés) pelo fabricante, mas o Titan estava mergulhando quase três vezes mais fundo.
O casco do Titan também tinha um formato incomum — cilíndrico, em vez de esférico. A maioria dos submarinos de águas profundas tem um casco esférico, que distribui igualmente o efeito da forte pressão das profundezas do oceano.
Além disso, o casco do submarino era feito de fibra de carbono, um material não convencional para embarcações de águas profundas.
Metais como titânio são os mais comumente usados, pois são confiáveis sob pressões tão intensas.
“A fibra de carbono é considerada um material imprevisível (nas profundezas do oceano)”, explica Patrick Lahey, CEO da Triton Submarines, uma fabricante relevante nesse mercado.
A cada vez que o submarino Titan ia em direção ao Titanic — e ele havia feito vários mergulhos — a fibra de carbono era comprimida e danificada.
“Estava ficando progressivamente mais fraco porque as fibras estavam quebrando”, disse ele.
As junções entre diferentes materiais também foram motivo de preocupação. A fibra de carbono estava presa a dois anéis de titânio, criando pontos fracos.
Patrick Lahey disse que a indústria de submarinos comerciais tinha um histórico de segurança antigo e respeitado.