goleiros são os mais atendidos

Uma cena cada vez mais comum nos jogos do futebol brasileiro. O goleiro salta, faz a defesa e paralisa o jogo para a entrada da equipe médica. Com a repetição mais frequente deste roteiro, o Espião Estatístico* resolveu contabilizar todas as vezes que o duelo é paralisado para atendimento a um goleiro no Campeonato Brasileiro.

Vale destacar que nem todos os pedidos de atendimento foram feitos para esfriar o jogo ou por cera. Foram oito paralisações após grandes defesas, sete depois de chances de gol adversárias e dez seguidas de uma dividida ou falta assinalada pela arbitragem. Os demais não tiveram um motivo claro

Em 100 jogos do Brasileirão foram registradas 57 atendimentos aos donos da meta – cerca de um a cada duas partidas. Dessas 57 paralisações, 51 foram quando o time estava empatando (26) ou vencendo (25), o que representa 89% dos atendimentos médicos aos goleiros. A pesquisa inédita do Espião Estatístico mostra ainda que 35 dos 57 atendimentos ocorreu no 2º tempo: 61% das vezes. Veja mais abaixo

Comentarista da Globo, Alexandre Lozetti fez críticas ao excesso de paralisações de jogo para atendimento aos goleiros e disse que isto pode ser uma missão para a futura liga brasileira corrigir.

– A imensa maioria dos pedidos de atendimento médico dos goleiros compõe uma galeria vergonhosa do futebol brasileiro, em cuja cultura está naturalizado que vencer é bom, mas vencer sacaneando o adversário é melhor ainda. É evidente que se trata de um artifício baixo para ganhar tempo, esfriar o ritmo do jogo, e uma covardia com a arbitragem, obrigada a paralisar a partida por serem goleiros.

– Os jogadores de linha fazem também, todos fazem, mas a queda do goleiro é um xeque-mate. É uma cultura de malandragem consolidada, que a CBF insiste em ignorar, dentro da sua falta de preocupação com o produto. Talvez, seja uma missão para a futura liga – destacou Lozetti.

Ao todo, o Brasileirão teve 1 hora, 48 minutos e 53 segundos de jogo interrompido para a entrada da equipe médica no campo para os goleiros. Dos 28 goleiros que jogaram até aqui no torneio, apenas seis não pediram atendimento médico: Bento (Athletico-PR), Vladimir (Avaí), João Carlos (Cuiabá), Marcelo Lomba (Palmeiras), Max Walef (Fortaleza) e Ronaldo (Atlético-GO).

Cássio (Corinthians), César (Juventude), João Ricardo (Ceará), Marcelo Boeck (Fortaleza) e Alex Muralha (Coritiba) puxam a lista dos goleiros que mais paralisaram os jogos para atendimento médico neste Brasileirão. Veja o ranking:

Goleiros com mais minutos de atendimento médico no Campeonato Brasileiro

Goleiro Time Paralisações de jogo para atendimento médico Tempo de jogo parado (hora:minutos:segundos)
Cássio Corinthians 5 0:11:30
César Juventude 5 0:11:05
João Ricardo Ceará 5 0:08:33
Marcelo Boeck Fortaleza 5 0:08:33
Alex Muralha Coritiba 3 0:08:18
Cleiton Bragantino 4 0:07:52
Tadeu Goiás 4 0:06:08
Daniel Internacional 4 0:06:01
Jailson América-MG 3 0:05:58
Walter Cuiabá 3 0:04:52
Weverton Palmeiras 2 0:04:41
Jandrei São Paulo 2 0:04:31
Ronaldo Atlético-GO 2 0:03:29
Gatito Fernández Botafogo 2 0:03:13
Diego Loureiro Botafogo 1 0:02:28
João Paulo Santos 1 0:02:05
Hugo Souza Flamengo 1 0:01:51
Matheus Donelli Corinthians 1 0:01:46
Luan Polli Atlético-GO 1 0:01:42
Fábio Fluminense 1 0:01:40
Everson Atlético-MG 1 0:01:35
Douglas Friedrich Avaí 1 0:01:02

O dono da meta do Timão já soma 11 minutos e 30 segundos em cinco paralisações para atendimento médico neste Brasileiro. Em todas, o Corinthians empatava ou vencia o jogo. No clássico contra o São Paulo, na 7ª rodada, ele parou o duelo duas vezes: uma após grande defesa no 1º tempo e outra no fim da partida quando sentiu lesão no ombro e precisou ser substituído.

O goleiro do Juventude e a dupla dos clubes cearenses lideram ao lado de Cássio no número de paralisações de jogo para atendimento médico: cinco cada. Porém, apenas o goleiro do Corinthians e César ultrapassaram a barreira dos 10 minutos de partida interrompida para atendimento médico.

O dono da meta do vice-lanterna do Brasileirão, assim como Cássio, pediu a entrada da equipe médica apenas quando seu time vencia (três vezes) ou empatava (duas vezes) o jogo. Dos 20 atendimentos dos líderes do ranking acima, apenas um foi enquanto o time perdia o duelo. Na derrota para o Botafogo por 3 a 1, na 6ª rodada, Marcelo Boeck levou uma bolada na cabeça no gol de Daniel Borges e precisou ser atendido.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *