Pagamentos digitais ‘bombam’ e fazem falsificação de dinheiro despencar em MS

Você já parou para pensar que encontrar uma nota de dinheiro falsa tem sido situação cada vez mais incomum? Registros de casos de falsificação de cédulas têm diminuído a cada ano em Mato Grosso do Sul, que no primeiro quadrimestre de 2022 já registra a menor média de casos em cinco anos. A explicação para esse fenômeno você confere nesta reportagem.

Receber uma nota falsa e só descobrir isso ao usar a cédula para pagamento no comércio, por exemplo, era realidade de muito sul-mato-grossense, que hoje em dia quase não vivencia casos assim.

A queda no número de falsificações em Mato Grosso do Sul é maior a cada ano segundo levantamento do Banco Central. Há cinco anos, em 2018, o Estado registrou 37.662 cédulas falsificadas, uma média de 3,1 mil notas falsas que saíram de circulação por mês.

Nos anos seguintes, os números apresentaram expressiva diminuição, chegando a apenas 1.693 notas falsas registradas durante todo 2021, uma média de 141 casos em todo o Estado por mês.

Do início do ano até o mês de abril, último apurado pelo Banco Central, foram apenas 98 casos em todo Mato Grosso do Sul, uma média de 24,5 notas falsas apreendidas em todo o Estado. Em relação aos registros de 2018, a média mensal de notas falsas apreendidas caiu 99%.

Confira abaixo a falsificação de dinheiro em Mato Grosso do Sul

Ano Quantidade de cédulas falsificadas Média de falsificações por mês
2022* 98 24
2021 1.693 141
2020 2.854 237
2019 7.967 663
2018 37.662 3.100
*De janeiro a 30 de abril de 2022 // Fonte: Banco Central

Por que as falsificações de dinheiro despencaram?

O Banco Central atribui a redução na quantidade de cédulas falsas em todo o Brasil à ações “ações exitosas de combate ao crime de falsificação de dinheiro executadas pela Polícia Federal”.

Mas não é só isso. Autoridades de  ouvidas pela reportagem também relacionam a queda de casos de falsificação com a popularização de pagamentos digitais, como é o caso do Pix.

Sem custo e com a facilidade de movimentar valores em poucos toques no celular, muitos sul-mato-grossenses mudaram o hábito. Com isso, menos dinheiro físico circula no Estado, o que faz com que em muitos casos o crime de falsificação se torne ‘menos atrativo’ para grupos criminosos.

O próprio Banco Central revela que desde que o Pix passou a funcionar no Brasil, em novembro de 2020, a circulação de cédulas de dinheiro caiu no país. Quase um ano depois da implantação do Pix, R$ 40 bilhões em espécie deixaram de circular no Brasil, informou o Banco Central.

Notas mais falsificadas em Mato Grosso do Sul

A falsificação de cédula é crime previsto no artigo 289 do Código Penal, com  prevista de 3 a 12 anos de prisão. Quem tentar colocar uma cédula falsa em circulação depois de tomar conhecimento de sua falsidade, mesmo que a tenha recebido de boa-fé, pode ser condenado a uma pena de 6 meses a 2 anos de detenção.

Segundo dados do Banco Central, as notas de R$ 20, R$ 50 e R$ 100 são as mais falsificadas no Estado.

Nos anos de 2018 e 2019, a nota de R$ 50 foi alvo de 6.801 falsificações. De janeiro até abril deste ano, a nota de R$ 100 foi a mais falsificada, com 43 casos.

O levantamento também traz uma curiosidade. A nota antiga de R$ 10, que pouca gente ainda vê circulando, foi falsificada uma vez em Mato Grosso do Sul. Outra nota difícil de ser encontrada, a de R$ 200 que foi lançada em setembro de 2020, já aparece nos registros de falsificação com três casos.

Polícia Federal combate falsificação de cédulas

Responsável por liderar operações contra falsificação de dinheiro em todo país, a Polícia Federal já desarticulou 24 laboratórios de falsificação de moedas do Brasil até abril deste ano.

Em entrevista ao Jornal Midiamax, o delegado regional de Combate ao Crime Organizado, Fabrício de Azevedo Carvalho, explica que a corporação trabalha em parceria com o Banco Central e os Correios para investigar crimes de falsificação.

“Tendo como foco principal a identificação de grandes organizações criminosas dedicadas à produção em larga escala, que se utilizam de equipamentos modernos na tentativa de produzir cédulas com aparência de verdadeiras. Até abril de 2022 haviam sido desarticulados 24 laboratórios de falsificação de moedas em todo Brasil, evitando que milhares de cédulas falsas entrassem em circulação em todo território nacional”.

Na avaliação do delegado, o uso de meios eletrônicos de pagamento é responsável pela diminuição de circulação de moeda e consequentemente falsificações.

“A utilização crescente de meios eletrônicos de pagamentos — PIX, cartões de crédito/débito — fez com que houvesse diminuição significativa na circulação de moeda. Porém, importante salientar que a imensa maioria dos estabelecimentos comerciais recebem dinheiro em espécie como forma de pagamento, mas nem todos aceitam PIX ou cartão”, completa o delegado.

Operação contra falsificação de dinheiro em MS

Em abril deste ano, a Polícia Federal deflagrou ação contra falsificador em Três Lagoas, distante 338 quilômetros de Campo Grande. Segundo informações da PF, a investigação começou após apreensões de cédulas falsas em outros municípios, indicando que um morador de Três Lagoas seria o responsável por distribui-las. As notas eram fabricadas após encomenda feita através de site.

O suspeito, que foi conduzido à delegacia, foi ouvido e liberado. Não há informações sobre o andamento da investigação.

Como identificar notas falsas de dinheiro

O Banco central detalha, de forma simples, como identificar notas falsas de acordo com cada cédula específica. Os itens de segurança mudam conforme a família das notas.

No caso do lançamento mais recente, a nota de R$ 200, os itens de segurança contam com número 200 que muda de cor, marca d’água, alto relevo e até número escondido. Confira abaixo.

Para ver detalhes dos elementos de segurança de cada nota clique aqui.

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