Contender: Claudia Leite busca contrato com o UFC: “Quero fazer uma guerra

Claudia Leite tenta nesta terça-feira um contrato na maior organização de MMA do mundo. Aos 25 anos, a lutadora nascida em Avaré-SP vai enfrentar a americana Hailey Cowan num confronto peso-galo (até 61kg) no Contender Series, em Las Vegas. Numa entrevista exclusiva ao Combate, ela já explica que qualquer semelhança com a cantora é mera coincidência e, de fato, é sou nome. Não tem apelido por qualquer outro motivo.

– Meu pai se chama Cláudio Roberto Leite, daí as pessoas acham que é por causa da cantora, mas não, é por causa dele. Aqui não tem nada de cantora, é só o nome que é igual mesmo. Sou Claudia de Fátima Pereira Leite, mas tem gente que não acredita, que acha que estou imitando a cantora. Só o nome que é igual, porque o dinheiro que é bom… (risos).

O canal Combate transmite o “Contender Series” ao vivo e com exclusividade nesta terça-feira, dia 9 de agosto, a partir de 21h (horário de Brasília).

Após os três primeiros episódios desta temporada do Contender, Vinícius Salvador foi o único a conseguir o contrato dentre cinco brasileiros que lutaram. Claudia Leite promete uma guerra para impressionar Dana White.

– Assisti o episódio dessa semana pensando: “meu Deus, daqui a duas semanas sou eu. Tenho que impressionar o cara”. Não tenho só que ir lá e ganhar, tenho que ganhar bem. Por isso que quero fazer uma guerra. Se tiver que perder que seja numa guerra, e não só ir lá e fazer uma luta para ganhar. Ali tem que ter coração, tem hora que não tem que ter técnica, tem que ter coração. Daí a gente fica: “quero que ele tenha essa expressão (de surpresa)”.

Claudia começou no mundo das lutas depois de se aventurar no handebol. Aos 16 anos, ela conheceu o muay thai e passou a treinar, mas sem pretensões profissionais. O hoje marido Alex Martins era seu professor e ali iniciaram a parceria. Claudia ainda demorou a ingressar no jiu-jítsu e depois no MMA, mas chegou uma hora que não tinha mais como evoluir em Avaré. Foi quando veio a mudança para Balneário Camboriú há dois anos, onde hoje treina na Astra Fight.

– Lá na minha academia (em Avaré) o forte era o jiu-jítsu e a galera saía para competir com pano. Daí eu tinha que ficar buscando por fora, eu e Alex, ou eu e algum amigo da academia que se propunha a me ajudar. Só que todos os meninos eram grandes, não tinha nenhum do meu peso. Eu treinava grade quando ia lutar, infelizmente nunca teve estrutura, até porque só eu que lutava MMA na época (…). (A mudança veio) numa das lutas que não consegui bater o peso. Meu empresário é o (Marcelo) Brigadeiro, dono da Astra. Uns dias antes, o Alex falou: “tu vai ter que ir para outro lugar. Consegui te trazer até aqui, não consigo mais do que isso”. Além de professor, ele é policial militar, então ele tinha que ficar se desdobrando. Deu uns 15 dias e o mestre Brigadeiro falou comigo: “Olha, Clau, se é isso realmente que tu quer para sua vida, aí não é o lugar certo, tu não vai conseguir. Vem para Balneário, fica na minha casa”. Fiquei um tempo na casa dele com a esposa e os filhos. Com 15 dias mudei toda a minha vida, larguei tudo lá (em Avaré), vim atrás de alguma coisa que nem sabia se daria certo ou não, mas vim.

O início na nova equipe não foi simples, principalmente com a distância de 700km entre a cidade catarinense e sua cidade natal no interior paulista.

– No começo foi bem difícil, foi choro em cima de choro. “Ah, meu deus, vou desistir, não é para mim, não aguento mais”. E era apanhar todo dia: “ah, misericórdia, onde fui amarrar bem burro?”. Mas com a sensação de que “vim para cá e não posso voltar”. E depois foi virando algo que fazia parte da minha vida, hoje tenho a Astra como se tivesse nascido aqui. É uma coisa muito gostosa. A gente tem nossas dificuldades, que é viver longe de casa. Vejo meu marido duas vezes por ano, é muito difícil. Ele vem quando dá, quando está de férias, e vou para lá quando posso. A parte mais complicada é realmente viver longe. A parte da adaptação da equipe agora está bem tranquila. Vim de um jeito e hoje estou totalmente diferente. Não imaginava que a evolução seria tanta. Quando o contrato (do Contender) chegou é algo que a gente espera, mas não espera. A hora que o mestre me disse que eu lutaria veio tudo na cabeça, é um misto de sentimento. É uma evolução monstra, tanto pessoa, como profissional, espiritual, tudo! É uma evolução muito grande!

Sobre a notícia de que teria uma chance de entrar no UFC, Claudia lembra bem o momento e a emoção que sentiu e que compartilhou com a família.

– Eu estava no banheiro fazendo xixi e estava no celular, e o mestre me mandou: “Orelhuda, tá aí?” “Tô mestre”. “Olha, você vai lutar o Contender”. “Oi? Quê?”. “É, você vai lutar o Contender”. “Tá zoando?” Ele: “não, falando sério”. Aí já comecei a chorar, e ele: “pode chorar, é verdade”. Aí já liguei para o meu marido, fiz um berreiro, e Alex do outro lado chorando. Foi uma sensação única. Sabe a sensação de não se aguentar? Meu Deus, virou real. Já chegou com contrato mostrando minha adversária, já estava tudo certo. No mesmo dia já assinei o contrato, foi uma sensação inexplicável.

Com sete vitórias e duas derrotas na carreira, Claudia Leite fez a estreia profissional em julho de 2016. Sua mais recente sequência de lutas tem quatro vitórias, as últimas duas no Nação Cyborg, com um triunfo por pontos e outro por finalização. A lutadora, que começou na trocação, ressalta um aprendizado recente importante na luta agarrada.

– Comecei com um estilo e daí fui pra outro, e agora estou me reinventando também. Comecei no muay thai, então sempre fui da parte de trocação. Não era técnica, era briga de bar, garrafada, tudo louca (risos). Quando comecei a treinar jiu-jítsu tive uma facilidade maior, mas na época não tinha a parte de wrestling como tenho na Astra. Evoluí (na luta agarrada) porque não tinha nada, aí entrou a transição do chão para o wrestling. Pra quem viu minhas últimas duas lutas, não teve muita trocação, e agora o que posso falar é que estou preparada tanto em cima como embaixo, mas posso falar que gosto bastante da parte de baixo.

A adversária da brasileira, a americana Hailey Cowan, tem seis vitórias e duas derrotas, tendo iniciado no MMA em 2018. Claudia vê semelhanças antes da luta.

– Dá para ver que a gente tem mais ou menos o mesmo estilo. O jogo dela também é agarrado e também tem nocaute. Não sei te falar o que vai ser, só sei que quero fazer uma guerra. Desde a última luta estou muito bem preparada tanto em pé como no chão, assim como ela, que tenho certeza de que está treinando muito. Como é a chance da minha vida, é a chance da vida dela. E tenho certeza de que nós duas vamos entregar tudo ali dentro. Será algo extraordinário.

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