Com 72 anos de casados, até hoje, Sabino toca com seu grande amor – CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS
Lana e Sabino sentados na varanda de casa. (Foto: Marcos Maluf)
Orlanda Gregório de Oliveira, 95 anos, e José Sabino de Oliveira, 91 anos, são um dos casais mais fofos que já vi durante meus (quase) 24 anos de vida. Juntos há 72 anos, celebrados no último dia 12, eles provam que o amor existe e continua capaz de resistir às intempéries do tempo.
Através dos pequenos gestos, Lana e Sabino revelam o companheirismo, amor e apreço que mantêm um pelo outro. Para a dupla, essas qualidades podem passar despercebidas, pois fazem parte da rotina que ultrapassa sete décadas. Porém, para aqueles que o conhecem pela primeira vez, toda a cumplicidade esbanjada causa uma primeira impressão bonita de se ver.
Ambos eram crianças quando se conheceram e começaram o relacionamento, que rendeu 11 filhos, 32 netos, 39 bisnetos, 8 tataranetos, além de muita história. Iniciado às escondidas, eles tinham menos de 14 anos quando começaram a namorar. O Córrego da Areia, em Ribas do Rio Pardo, a 98 km da Capital, foi o primeiro a testemunhar o amor de Lana e Sabino, que viviam marcando encontros nas redondezas.
Retrato antigo do casal com a primeira filha, Judite, que já faleceu. (Foto: Marcos Maluf)
Ao Lado B, Sabino recordou o começo simples que teve com a esposa. “Nós sempre ficamos olhando um pro outro, então, ficamos naquilo. Depois nos mudamos para Ribas, começamos aquela gracinha, o namorinho. Ela escondida da mãe e eu morrendo de medo do reio do meu pai”, lembra.
Já Lana, afirma que nunca esquece do menino que a surpreendeu com um pedido de namoro. “Eu era uma criança tão esperta, eu nunca esqueci. Ele era muito danado e eu sempre gostando dele, mas quieta. Um dia, ele caiu na besteira de perguntar se eu queria namorar, falei que queria”, ri.
Apaixonados, o casal não demorou para ser descoberto pela família. Mas, quando isso aconteceu, o alívio veio junto. “Um dia, meu pai falou: ‘Sabino, você vai se casar com a Lana’. Aí, eu me alegrei”, diz. Como a vida é cheia de reviravoltas, os dois ficaram um tempo separados antes de colocarem as alianças que continuam usando até hoje.
Família composta por bisneta, neta, filho, cunhada e cunhado. (Foto: Marcos Maluf)
É com muito bom humor que Sabino relata o período que ficou separado da mulher. “Fomos crescendo, ficamos meio que brigados, fiquei noivo da prima dela. Quando ela foi embora para Dourados, pediu para que Lana cuidasse de mim. Ela cuidou mesmo”, fala.
Retomado o namoro, o noivado veio um tempo depois, quando Sabino tinha 17 anos. Mesmo depois de décadas, Sabino lembra como se fosse ontem como fez o pedido de casamento. “Eu cheguei no pai dela e falei: ‘Eu tô namorando com a Lana e pretendo casar com ela’. Ele (pai) perguntou para ela: ‘Você quer casar com o Sabino?’. Ela rápida, falou que queria”, conta
Em 1951, a sonhada cerimônia ocorreu e, dez anos depois, a mudança para Campo Grande. Durante 30 anos, Sabino trabalhou na Ferrovia Noroeste do Brasil, por isso, o primeiro lugar que morou com a esposa foi na Rua dos Ferroviários. Depois de alguns anos, fizeram a mudança permanente para o Bairro Estrela do Sul.
As Mocinhas da Cidade – A varanda do lar é palco para os shows que o casal proporciona à família. Enquanto o irmão, Anélio Gregório, toca violão, Lana canta e Sabino acompanha com a sanfona. Os três fizeram uma singela, mas linda apresentação cantando a música “As Mocinhas da Cidade”.
Confira o vídeo do trio cantando:
Depois da cantoria, Lana finalizou a entrevista falando sobre a relação que construiu com o marido. “Hoje, eu tô com 72 anos de casada, sempre pobre, mas muito feliz. Ele era muito danado, encontrei muito espinho na minha frente depois de casada, mas enfrentei sempre com aquele amor e confiança. Nós chegamos até aqui e vamos para frente até quando Deus quiser”, ressalta.
Casal finalizou a entrevista com um beijo. (Foto: Marcos Maluf) – CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS