Dólar sobe para R$ 5,17 com juros americanos e Rússia

A volatilidade tomou conta do mercado doméstico de câmbio ao longo da tarde, com o  apresentando trocas constantes de sinal à medida que investidores assimilavam as novas projeções econômicas de integrantes do Federal Reserve (Fed, o  norte-americano) e declarações do chairman Jerome Powell em entrevista coletiva.

Como esperado pela ala majoritária do mercado, o BC norte-americano elevou a taxa de juros em 75 pontos-base, para a faixa entre 3% e 3,25%, e antecipou em seu comunicado que haverá novas elevações. Em um primeiro momento, o dólar ganhou força e correu até a máxima da sessão, a R$ 5,1937.

A febre compradora rapidamente deu lugar a uma forte instabilidade ao comportamento da moeda americana aqui e lá fora Nos momentos mais favoráveis a ativos de risco, com queda mais acentuada das taxas dos títulos americanos de 10 e 30 anos, o dólar chegou a trabalhar abaixo de R$ 5,13 e aproximar-se da mínima da sessão (R$ 5,1204).

Entre idas e vindas, no fim do dia prevaleceu o sinal positivo e o dólar encerrou cotado a R$ 5,1730, em alta de 0,40%. Como recuou nos dois pregões anteriores, a divisa apresenta baixa de 1,64% no acumulado da semana.

O quadro desenhado pelo BC norte-americano é de taxa de juros acima de 4%, desaceleração da atividade econômica e inflação ainda em níveis elevados. “Foi a confirmação de que o Fed vai adotar a estratégia de manutenção de juro elevado por tempo prolongado. E isso aumenta o risco de forte desaceleração econômica nos Estados Unidos”, afirma a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack.

Para o economista do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, tanto a decisão de elevar os Fed Funds em 75 pontos-base quanto a revisão das projeções do BC americano para a taxa de juros não surpreenderam os investidores. Apesar de muita volatilidade e da alta global do dólar, não houve uma deterioração aguda dos ativos de risco.

“O juro acima de 4% no fim deste ano está bem em linha com o que vinha sendo precificado pelo mercado nas últimas semanas, com o discurso do Fed nos últimos 30 dias. Hoje, eles apenas chancelaram tudo o que haviam dito antes”, afirma Oliveira, ressaltando que o discurso do presidente do BC não trouxe novidade em relação a declarações recentes. “Implicitamente, Powell deu a entender que a precificação do mercado está ok. Não trouxe discurso ainda mais ‘hawk’ do que o comunicado”.

Para Oliveira, além das expectativas para o nível de aperto monetário nos EUA, o real tem refletido nos últimos dias questões internas, como a sinalização positiva para a política fiscal em um eventual mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após o anúncio do apoio formal do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles ao petista. “Esse gesto do Meirelles acabou ajudando o real. Mas tem outros fatores como a perspectiva de manutenção de política monetária frouxa ou até novos estímulos na China”, diz.

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