Análise: Grêmio paga por escolha na volta à Libertadores e deixa gosto de que poderia mais

A espera acabou, mas o retorno do Grêmio à Libertadores foi longe de ser o que se esperava. O time até sofreu na altitude, mas a qualidade mostrada pelo The Strongest na derrota por 2 a 0 e as chances criadas pelos reservas deixaram um sentimento de que o Tricolor poderia fazer mais no Hernando Siles. Não é garantia, mas talvez se usasse alguns titulares, a história poderia ser diferente.

Na intenção de evitar maiores desgastes antes da final do Gauchão, no próximo sábado, o técnico Renato Portaluppi optou por deixar os titulares em Porto Alegre. Mas a impressão que deu, dito pelos próprios jogadores depois da partida, é que a geografia do local da estreia, 3.630 metros acima do nível do mar, não foi o maior problema.

– Me senti bem, de verdade. Minha primeira vez na altitude, mas não teve tanta diferença assim. A bola vai mais rápida – contou Fábio após o jogo.

Também é verdade que o atacante Nathan Fernandes, por exemplo, relatou que sentiu falta de ar durante o segundo tempo, o que resultou em uma queda de rendimento, por exemplo.

Claro que a altitude de La Paz trouxe um cansaço maior para os jogadores no segundo tempo – o atacante Nathan Fernandes, por exemplo, relatou falta de ar. Mas não parece ter sido o grande motivo da derrota. Os gols do The Strongest passam por um problema antigo do Grêmio: bola aérea defensiva.

Marchesin, que voltou de lesão, teve pouco trabalho de modo geral, pois o time da casa também criou pouco, mas foi efetivo nas chegadas. Foi o que faltou ao Grêmio, aproveitar melhor as oportunidades, devido todo o contexto de dificuldade. Não poderia se dar ao luxo de não matar o jogo. Não houve aquela oportunidade cristalina para o Tricolor marcar, mas JP Galvão teve duas boas finalizações.

A sensação que dava durante o jogo é que com um pouco mais de qualidade, o Tricolor poderia ter pontuado na Bolívia. Renato até discorda e afirmou mais de uma vez que não mudaria em nada o planejamento.

Mas os próprios jogadores ficaram com o sentimento de que poderiam ter buscado um resultado melhor. Mesmo com uma equipe sem entrosamento, em alguns momentos o Grêmio conseguiu rodar a bola, tabelar e encaixar escapes na velocidade de Galdino e Nathan Fernandes. Faltou capricho no acabamento das jogadas.

– A frustração é que me pareceu que jogamos bem, em duas falhas individuais tomamos dois gols. Fizemos uma partida boa. A tristeza é que parecia que dava para sair com bom resultado daqui – lamenta Fábio.

O desencaixe do sistema defensivo pesou na derrota. Os gols evidenciam os erros de marcação e, porque não, a falta de entrosamento. Fatos que alimentam que a escolha de abrir mão de todos titulares custou a derrota na estreia da Libertadores.

– Acho que faltou um pouco de experiência, futebol é isso. Falei para eles (jogadores), é a vontade de ganhar o duelo individual. Se ganha, é meio passo para ganhar o jogo. Não tem que ser o mais talentoso, o mais habilidoso. O futebol faz isso, querer ganhar o duelo individual é meio caminho andado – completou Fábio.

Renato não está errado quando diz que poderia ter levado o time titular e, da mesma forma, voltar para Porto Alegre com a derrota, afinal, futebol não é uma matemática exata. Mas quando se acrescenta qualidade ao time, a chance de vencer ou pelo menos empatar, sem dúvida aumenta.

Nathan Fernandes em finalização para o Grêmio contra o The Strongest — Foto: João Victor Teixeira

Grêmio pagou pela escolha que fez. Não se trata de um planejamento errado ou certo. Se vencer o Juventude sábado, vai valer a pena. Mas e se esses pontos em La Paz fizerem falta lá na frente?

A Libertadores começou agora e o Grêmio tem um caminho longo a ser percorrido para buscar a vaga nas oitavas. E tem plenas condições para isso. Renato tem um material melhor que os adversários do grupo. Mas agora a chave vira e o hepta gaúcha é a obsessão do momento

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