Presidente do sindicato dos metalúrgicos no ABC é acusado de xingar funcionário de ‘lixo’ e ‘nego idiota’ antes de demiti-lo
Cícero Martinha foi acusado por Osvaldo Lopes, o Grapiúna, de xingá-lo de ‘lixo’ e ‘nego idiota’ antes de demiti-lo do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
Um funcionário do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, na Grande São Paulo, acusa o presidente da entidade de xingá-lo de “João Ninguém”, “imprestável”, “traidor”, “lixo” e “nego idiota” antes de demiti-lo do local sem motivo aparente.
A Polícia Civil instaurou inquérito policial em dezembro para investigar a denúncia feita por Osvaldo Pereira Lopes, o Grapiúna, que era porteiro do sindicato, contra Cícero Firmino da Silva, o Cícero Martinha, presidente da entidade. O caso é apurado como injúria racial.
Em entrevista ao g1 Martinha negou a acusação de racismo feita pelo ex-funcionário e alegou que o demitiu juntamente com outros funcionários porque a receita do sindicato reduziu nos últimos anos. “Isso nunca aconteceu. Sou contra a discriminação racial e de gênero”, falou o sindicalista.
“Martinha me xingou de ‘lixo’ e ‘nego idiota’, além de ter dito outras ofensas”, rebateu Grapiúna, que desde 2008 trabalhava na portaria do sindicato. “Eu não sei o motivo de ele ter me ofendido assim.”
Cícero Martinha é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá — Foto: Reprodução/Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá
Grapiúna contou ao g1 que as ofensas ocorreram em 17 de agosto, quando Martinha o convidou para ir até um bar em frente ao sindicato, onde o demitiu, na frente de outros diretores da entidade. “Ouvi calado”, falou o ex-funcionário, que acha que foi demitido por causa da idade, já que não relatou ter tido qualquer problema anterior onde trabalhou. Ele tem 54 anos.
Mas ele não concordou com a maneira como foi desligado. “Eu me sinto em mal com uma situação dessa”, falou Grapiúna, que em 23 de dezembro formalizou a queixa contra Martinha no 1º Distrito Policial (DP) de Santo André.
Grapiúna contou ainda que só decidiu denunciar o caso em dezembro por ter temido represálias por parte do agressor durante o processo de seu desligamento do sindicato.
“O racismo e assédio moral e humilhações sofridos por mim, não foram divulgados anteriormente por eu estar com receio de não receber minhas verbas rescisórias que foram parceladas, meus direitos trabalhistas”, afirmou o ex-empregado. “E também por temer pela minha própria segurança, minha vida e de meus familiares”.
“Ele [Grapiúna] foi desligado com outros funcionários porque a arrecadação do sindicato diminuiu nos últimos três anos, quando metade dos 15 mil trabalhadores que pertenciam à categoria foram demitidos e deixaram de contribuir”, alegou Martinha.
O presidente do sindicato se mostrou “surpreso” sobre a denúncia de injúria racial feita contra ele pelo ex-funcionário. “Não estou entendendo porque ele fez essa denúncia. Só posso suspeitar que possa ser por algum motivo político, de pessoas influenciando ele a me atacar”.