Ministra do Meio Ambiente avalia COP29 como uma ‘experiência difícil’

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, avaliou a COP29, realizada em Baku, Azerbaijão, como uma “experiência difícil”, em função das intensas e prolongadas negociações que marcaram o evento. Durante o discurso na plenária final, ela ressaltou que, apesar das dificuldades, é crucial alcançar um resultado minimamente aceitável para todos, dada a emergência climática em que o mundo se encontra. Um dos principais impasses foi a questão do financiamento climático por países desenvolvidos para apoiar as nações em desenvolvimento no enfrentamento das mudanças climáticas. As negociações sobre esse ponto se estenderam além do prazo estipulado, que era a tarde de sexta-feira (22), o que gerou frustração entre os delegados, especialmente dos países mais vulneráveis.

Em uma entrevista coletiva após seu discurso, Marina Silva explicou que essa “experiência dolorosa” ocorre porque, ao final do dia de debates, ainda há questões fundamentais sem solução, sendo a principal delas a demanda dos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, por um financiamento climático adequado. Ela comparou o processo a um parto, sugerindo que, embora o processo de negociação seja difícil, o resultado final pode ser valioso, como um “filho” que nasce após a dor do parto. Ela também reforçou que, até o momento, ainda não houve um consenso pleno sobre os compromissos financeiros necessários.

Ao ser questionada sobre os desafios ambientais que poderiam surgir com a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, em 2025, Marina reiterou que o convite para os EUA se comprometerem com a redução das emissões de gases de efeito estufa foi feito, apesar de os EUA não terem aderido ao Protocolo de Kyoto e ao Acordo de Paris. Ela destacou que a ausência dos EUA nesse processo é prejudicial não apenas para os países em desenvolvimento, mas para toda a humanidade, incluindo os próprios americanos, que estão enfrentando eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes.

Marina também se referiu à COP30, que será realizada em Belém (PA) em 2025, no bioma amazônico. Ela chamou essa conferência de “COP das COPs”, destacando sua importância simbólica e estratégica para a restauração da Amazônia e o enfrentamento das crises climáticas. Para a ministra, a COP30 representará um momento crucial para a humanidade, com o desafio de restaurar o que está sendo perdido devido aos impactos das mudanças climáticas.

 

A ministra criticou ainda a proposta inicial das nações ricas para o financiamento climático, que era de US$ 280 bilhões anuais até 2035, destacando que os países em desenvolvimento, como o Brasil, haviam pedido US$ 1 trilhão. Segundo Marina, essa proposta não atendia à necessidade de justiça climática, pois os países desenvolvidos têm a obrigação, conforme o Acordo de Paris, de fornecer recursos financeiros que ajudem os países em desenvolvimento a fazer a transição energética e adaptação às mudanças climáticas. Ela também destacou que esses recursos são essenciais para garantir que os países mais vulneráveis possam se adaptar e mitigar os efeitos das mudanças climáticas, ressaltando que a luta contra a crise climática deve beneficiar a todos, e não apenas a países ricos.

Em relação ao boicote de algumas delegações de países em desenvolvimento e pequenos Estados insulares à redação atual do documento da COP29, Marina afirmou que o objetivo é retomar o diálogo, destacando que o Brasil e outros países estão empenhados em garantir que ninguém seja deixado para trás nas negociações climáticas. Ela ressaltou o compromisso de atender aos objetivos estratégicos dos países vulneráveis, principalmente no que se refere à justiça climática e ao apoio financeiro para adaptação e mitigação.

Por fim, a ministra reafirmou o compromisso do Brasil com as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), que são os compromissos de cada país para a redução de emissões de gases de efeito estufa. Marina destacou que, até a COP30, o objetivo central do Brasil será alinhar suas NDCs com a meta global de limitar o aquecimento a 1,5°C, como estabelecido no Acordo de Paris. Para isso, será necessário garantir meios para implementar essas metas, um desafio que se intensifica com a falta de financiamento adequado. Em relação à COP29, os países participantes chegaram a um acordo sobre as regras para o mercado global de créditos de carbono, um mecanismo importante para a redução de emissões, baseado na compra e venda de créditos que representam a não emissão de uma tonelada de CO2. (Com informações da Agência Brasil)

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