Corinthians mostra repertório de novo, mas sofre com falta de controle diante do Boca

Corinthians demonstrou valentia e repertório tático no empate em 1 a 1 com o Boca Juniors, nesta terça-feira, na Bombonera, mas faltou controle. De bola e emocional.

O saldo final é positivo. A equipe de Vítor Pereira volta para o Brasil com a classificação para o mata-mata da Libertadores encaminhada, após conquistar um ponto em duelo contra adversário tradicional, num estádio mítico e tendo jogado por mais de 20 minutos com um homem a menos. Mas a partida na Argentina pode ser ainda mais valiosa se o Corinthians tirar lições dela.

Um dos aprendizados é o de se manter fiel à estratégia e não abdicar de jogar. Depois de abrir o placar aos 15 minutos, o Timão se retraiu demasiadamente e praticamente abriu mão de ter a bola, um convite para Boca Juniors se impor – em diversos momentos, os donos da casa tiveram mais de 70%

Mesmo com limitações técnicas e táticas, os argentinos foram acuando o Corinthians aos poucos e exerceram enorme pressão dos 37 minutos do primeiro tempo até os 10 do segundo, quando Vítor Pereira fez três modificações e recolocou a equipe no jogo.

A reação durou pouco, já que o Timão começou a se envolver em seguidas confusões com jogadores do Boca até que Cantillo e Vítor Pereira levaram cartão vermelho. As expulsões aumentaram o sofrimento, mas poderiam ter custado ainda mais caro se os xeneizes conseguissem o segundo gol. Inteligência emocional é um dos atributos necessários para conquistar a Libertadores

Com apenas uma finalização (a do gol) e 146 passes completos, o Corinthians não teve uma grande atuação coletiva. Individualmente, há poucos destaques, como Cássio, Fábio Santos e Du Queiroz. Mas ainda assim é possível tirar pontos positivos da atuação na Bombonera.

A versatilidade dessa equipe talvez seja a principal delas. Quando a escalação alvinegra foi divulgada, não era possível saber qual seria o desenho tático adotado. Lucas Piton jogaria à frente de Fábio Santos, na linha de meias? Robson Bambu seria zagueiro ou lateral? Quando a bola rolou, o que se viu foi o Timão com uma linha de cinco jogadores na defesa, e Willian, Jô e Gustavo Mosquito incomodando a saída de bola adversária.

Corinthians se defendeu contra o Boca Juniors com linha de cinco jogadores — Foto: ge

Note: o Corinthians foi para um confronto desse porte com Gil, Renato Augusto, Giuliano e Róger Guedes no banco de reservas. Por mais que o desempenho ainda tenha oscilações e equipe não encha os olhos na maior parte do tempo, a sequência de sete jogos de invencibilidade indica que o rodízio promovido por Vítor Pereira tem sido um sucesso.

Voltando à análise do jogo, a estratégia corintiana funcionou em boa parte do primeiro tempo. Com um cinturão à frente da área, o Timão não permitia infiltrações do Boca. Em muitos momentos, os argentinos apelavam para lançamentos longos, e os velozes zagueiros alvinegros levavam a melhor.

Porém, quando o trio de frente não conseguiu mais dificultar a iniciação de jogadas dos argentinos, as coisas se complicaram. Muito recuada, a equipe de Vítor Pereira ficou suscetível a erros. Em um deles, de Bambu, Salvio tirou tinta da trave de Cássio. Em outro, de Raúl Gustavo, o Corinthians levou o empate. O zagueiro espanou um corte de bola, Maycon perdeu disputa pelo alto, e Benedetto não perdoo

Com as entradas de Cantillo, Renato Augusto e Mantuan, Vítor Pereira desfez a linha de cinco defensores e tentou ganhar o meio de campo. Porém, em desvantagem numérica a partir dos 21 minutos, coube ao Timão mais guerrear do que jogar – e nesse aspecto a equipe foi praticamente irretocável.

Duelos como esse ajudam a criar casca e dar identidade aos times. Praticamente sem tempo para treinamentos, o Corinthians precisará ir evoluindo a partir dos jogos e das experiências vivenciadas em cada um deles. Domingo, o líder do Brasileirão já terá outro duro desafio pela frente, no clássico contra o São Paulo, em Itaquera.

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