No jogo do golpe, Bolsonaro foca em Moraes para tumultuar TSE e plantar conspiração

Em mais um gesto em que não avisou aos assessores chamados de “políticos profissionais” (pelo menos é a versão que sustentam), Jair Bolsonaro (PL) adiciona mais uma peça no seu jogo para tumultuar o pleito de outubro com a notícia-crime contra Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal: agora, investe em plantar o que integrantes do Judiciário chamam de “narrativa do impedimento e da conspiração“ para desgastar o ministro

Aliados afirmam que não há expectativa de vitória na ação. O objetivo de presidente, entretanto, é simplesmente criar clima de suspeição.

Moraes, hoje, é o alvo preferencial de Bolsonaro pois, além de comandar inquéritos espinhosos para a família e amigos de Bolsonaro, ainda vai comandar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas eleições.

O presidente, então, decidiu investir toda sua munição pré-eleitoral para atingir o ministro e agitar a tropa bolsonarista, a fim de criar um ambiente para questionar sua imparcialidade quando chegar o pleito.

O presidente gosta e precisa antagonizar; não tem adversários, coleciona inimigos e, hoje, Moraes é o inimigo perfeito – posto que já foi ocupado por João Doria, Sergio Moro e contando.

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Ocorre que, na visão de ministros do STF (que não foram avisados de antemão da ação contra Moraes), integrantes do QG da reeleição e fontes militares, a jogada – além de arriscada – terá efeito bumerangue, uma vez que o ataque a um ministro é um ataque à toda corte, todo Judiciário.

Por isso, integrantes do Centrão, por exemplo, repetem que essa estratégia de duvidar das urnas e atacar ministros do STF é uma agenda pessoal de Bolsonaro e que eles não têm força para fazê-lo parar.

Aliás, nos bastidores do Congresso, parlamentares avaliam que Bolsonaro intensificou os ataques porque parou de subir nas pesquisas – e, pelas projeções que sua equipe estava fazendo, por volta de maio ele já estaria com vantagem em relação ao adversário Lula.

Embora as pesquisas sejam fotografia do momento, o estilo bélico do presidente não o é, pelo contrário: nem o próprio Judiciário acredita em qualquer moderação, como também decidiu reagir aos arroubos autoritários chamando o que são pelo nome: uma tentativa de golpe, à luz do dia e com aviso prévio.

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