Como estão as promessas ambientais feitas pelos maiores poluidores do mundo?
A 9ª edição da Cúpula das Américas — que acontece até sexta-feira (10/6) em Los Angeles, nos EUA — tem como foco, nas palavras do governo americano, “construir um futuro sustentável, resiliente e equitativo”.
E a expectativa é de que o presidente democrata Joe Biden proponha declarações conjuntas a seus pares — como o presidente Jair Bolsonaro —, com políticas e planos para conservação ambiental e mudanças climáticas.
A Cúpula das Américas coincide com a realização da Conferência de Mudança Climática de Bonn, na Alemanha, que discute até o dia 16 de junho os avanços alcançados desde a assinatura do acordo do clima na COP26, em novembro do ano passado, em Glasgow, na Escócia.
Na ocasião, líderes mundiais se comprometeram com novas metas para reduzir suas emissões, diminuir o uso de combustíveis fósseis e acabar com o desmatamento.
Será que eles estão cumprindo suas promessas?
Emissões: possível queda neste ano
- O que foi acordado?
Em Glasgow, os países concordaram em apresentar planos climáticos mais ambiciosos, incluindo cortes nas emissões de dióxido de carbono (CO2).
- Por que isso importa?
O dióxido de carbono é um gás de efeito estufa que causa mudanças climáticas. A redução das emissões é necessária para ajudar a manter os aumentos de temperatura dentro de 1,5°C. Acima disso, poderia causar uma “catástrofe climática”, segundo cientistas da ONU.
- O que foi feito?
Os países receberam um prazo até setembro para apresentar novos planos — mas atualmente apenas 11 de 196 países fizeram isso.
No entanto, análises recentes sugerem que a China apresentou uma redução contínua nas emissões desde o verão de 2021. Isso pode ter um impacto significativo, uma vez que o país é responsável por 27% das emissões mundiais.
O que é a COP e a Conferência de Mudanças Climáticas de Bonn?
- Todos os anos, os governos do mundo se reúnem em uma cúpula climática chamada Conferência das Partes (COP, na sigla em inglês);
- A 26ª edição (COP26) foi realizada em Glasgow, no ano passado; a COP27 será em Sharm-el-Sheikh, no Egito, neste ano;
- A Conferência de Mudança Climática de Bonn acontece no meio caminho entre as duas COPs — para checar os avanços.
Combustíveis fósseis: crise energética ameaça avanço
- O que foi acordado?
A COP26 incluiu um plano para reduzir o uso de carvão — que é responsável por 40% das emissões anuais de CO2.
Os líderes mundiais também concordaram em reduzir os subsídios “ineficientes” a petróleo e gás. São ajudas financeiras governamentais que reduzem artificialmente o preço dos combustíveis fósseis.
Os líderes mundiais também concordaram em reduzir os subsídios ‘ineficientes’ a petróleo e gás – ajudas financeiras governamentais que reduzem artificialmente o preço dos combustíveis fósseis
- Por que isso importa?
O órgão de ciência climática da ONU, o IPCC, diz que os combustíveis fósseis são responsáveis por 64% das emissões de CO2 do mundo.
- O que foi feito?
Existem agora 34 países considerando novas usinas de carvão, em comparação com 41 no início do ano passado.
No entanto, a Índia — o segundo maior consumidor de carvão — anunciou em abril que estava aumentando a produção de energia a carvão e reabrindo 100 usinas.
Os subsídios aos combustíveis fósseis também aumentaram em 2021, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE). Mas Sabrina Muller, analista de políticas da Universidade London School of Economics, no Reino Unido, acredita que esta é uma medida de curto prazo para se afastar do gás russo.
Desmatamento: Brasil dificulta avanço global
- O que foi acordado?
Mais de 100 países — com cerca de 85% das florestas do mundo — prometeram acabar com o desmatamento até 2030.
- Por que isso importa?
Esta medida é vista como vital, já que as árvores absorvem cerca de 10% do CO2 emitido a cada ano.
- O que foi feito?
Metade das florestas do mundo estão em apenas cinco países — Rússia, Brasil, Canadá, Estados Unidos e China —, então suas ações podem fazer grande diferença.
Em abril, o presidente dos EUA, Joe Biden, assinou uma ordem executiva para proteger florestas antigas em terras do governo.
Mas no Brasil — que abriga mais da metade da floresta amazônica — o desmatamento aumentou 69% em relação ao ano passado.
Frances Seymour, do grupo de pesquisa World Resources Institute (WRI), disse que isso não é surpreendente “à luz do relaxamento da fiscalização ambiental” pelo governo brasileiro.
Outro desafio está na Rússia, que está enfrentando uma temporada significativa de incêndios florestais — e perdeu 6,5 milhões de hectares de floresta para o fogo no ano passado.