Vereadora Benny Briolly recebe segunda ameaça de morte na semana: ‘Estou contando as balas’

RIO — A vereadora de Niterói Benny Briolly (PSOL) recebeu, na manhã desta quarta-feira, nova ameaça de morte por e-mail. No último domingo, em uma mensagem enviada à parlamentar, um homem disse que iria “descarregar” a arma na vereadora. Ontem, outro rementente, também com um nome masculino, enviou a mesma mensagem.

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Junto à ameaça, o remetente enviou mais dois e-mails com insultos à parlamentar. Desde segunda-feira, Benny tem entrado em contato com a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) para solicitar escolta policial. Ela diz que a instituição está “agilizando o processo”, mas ainda não conseguiu proteção do Estado.

— É um misto de sentimentos: medo, revolta, insegurança e tristeza! Muito difícil não poder fazer meu trabalho em paz — desabafou Benny, que declarou evitar sair de casa.

Mesmo texto foi enviado a vereadora por diferentes remetentes Foto: Arquivo pessoal
Mesmo texto foi enviado a vereadora por diferentes remetentes Foto: Arquivo pessoal

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Segundo Benny, todos os órgãos acionados para registrar queixa das ameaças consideram a escolta necessária. “No entanto, a própria polícia se nega a fazer o serviço”, afirmou.

Em nota, a Polícia Civil informou que a Decradi instaurou inquérito para apurar o caso e solicitou a quebra telemática (dos remetentes). A investigação ocorre sob sigilo. Não houve resposta sobre o pedido de proteção policial.

Ameaças à vereadora vieram de perfis diferentes, mas com o mesmo texto. Outros insultos foram feitos em outros e-mails Foto: Arquivo Pessoal
Ameaças à vereadora vieram de perfis diferentes, mas com o mesmo texto. Outros insultos foram feitos em outros e-mails Foto: Arquivo Pessoal

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Os casos de ameaças são frequentes à vereadora desde a candidatura. No início do ano, Benny saiu do país após receber uma ameaça que incluía até o endereço da parlamentar na época. Ela retornou ao Brasil em maio.

Histórico de violência

Benny relembra que, nos últimos dois anos, dezenove políticos foram assassinados no estado do Rio de Janeiro. Dentre os números, que ela descreve como “alarmantes”, ela destaca a morte de Marielle Franco, que caracteriza como “símbolo da violência política no país”.

— Desde então, a renovação dos quadros políticos tem sido protagonizada por mulheres negras, trans, faveladas e defensoras dos direitos humanos. E isso tem incomodado até mesmo algumas pessoas do campo progressista, que por estarem perdendo espaço tentam reduzir nossa política a identitarismo — cita a vereadora, que destaca que os crimes de ódio a ela não tem apenas motivação política, mas de racismo, transfobia e misoginia. — Mapear os alvos e garantir a proteção em todos os territórios é mais que necessário — acrescenta.

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Benny é a primeira vereadora trans do estado do Rio e foi a mulher mais votada na cidade de Niterói em 2020. O apoio popular não a impediu de ter que sair do país quando recebeu as primeiras ameaças de morte.

— Uma travesti preta no poder incomoda muita gente! Buscam me silenciar e me expulsar da cadeira que ocupo todos os dias. Mas sei que não estou só — disse.

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