A Justiça da Itália condenou em última instância o jogador de futebol Robinho e um amigo a nove anos de prisão pelo crime de violência sexual de grupo, cometido em 22 janeiro de 2013 numa boate em Milão, no norte do país.
A reportagem do Fantástico falou com Giaccobo Gnocchi, advogado da vítima, uma albanesa, que na época do crime tinha 23 anos.
A albanesa estava na boate comemorando o aniversário, quando sofreu a violência. O jogador e o amigo, Ricardo Falco, que moravam na cidade italiana na época, negam a agressão. A perícia encontrou sêmen de Ricardo Falco na roupa da vítima. Segundo a Justiça, o estupro aconteceu no camarim do músico Jairo Chagas.
A vítima, hoje com 32 anos e que prefere não se identificar, esteve presente no julgamento realizado quarta-feira passada (19) na Corte de Cassação, última instância da justiça italiana, equivalente ao Supremo Tribunal Federal do Brasil. Falco e Robinho não compareceram e foram representados por seus advogados.
“Depois que ouvimos a decisão, não fez nenhuma declaração. Obviamente estava emocionada, pois se tratava da última fase de um processo no qual ela foi a vítima, ela quer seguir adiante com sua vida, tranquila. Nunca foi uma questão de indenização, de dinheiro, mas sim de ver a lei aplicada por causa da violência sofrida”, afirmou Giaccobo Gnocchi .
No julgamento, segundo o advogado da vítima, a defesa de Robinho ainda tentou desqualificar a imagem da jovem. Mas não deu certo.
Caso os culpados estivessem na Itália, seria emitida uma ordem de prisão e a pena de prisão de nove anos seria executada, o problema é que quem foi declarado culpado não está na Itália e não é cidadão italiano, está no Brasil e é cidadão brasileiro.
A Constituição brasileira veta a extradição de brasileiros natos condenados por outro país. Mas isso não é uma preocupação do advogado da vítima. O que ele quer, mesmo, é que a pena seja cumprida.
A reportagem do Fantástico perguntou ao advogado da vítima que mensagem ela deixaria para as mulheres brasileiras.
“A mensagem é sempre denunciar. Apesar das dificuldades de cada país e das diferentes situações, a lei existe. O silêncio não ajuda ninguém. As denúncias e os processos podem ter êxito ou não, mas no silêncio a violência fica escondida. Portanto falar, denunciar, procurar as autoridades, obviamente com provas, porque, nesses casos, se recorre à Justiça e existem regras. No nosso caso, eu asseguro que havia uma vasta quantidade de provas, e de fato no final a verdade veio à tona”, disse Giaccobo Gnocchi.
Procurada pelo Fantástico, advogada de Robinho no Brasil disse que não responde pelos processos criminais e que os representantes legais do jogador na Itália não querem falar com a imprensa.