China afirma aos EUA que preocupações da Rússia sobre a Ucrânia devem ser levadas a sério

China afirmou nesta quinta-feira (27) aos Estados Unidos que as preocupações de segurança da Rússia a respeito da crise na Ucrânia devem ser levadas a sério. O alerta foi feito durante uma ligação entre os chefes de diplomacia das duas potências mundiais.

Na conversa, o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, também disse ao secretário de Estado americano, Antony Blinken, que os EUA devem “parar de interferir” nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim e “parar de brincar com fogo” em relação a Taiwan (veja mais abaixo).

A ligação ocorreu a poucos dias da cerimônia de abertura dos Jogos, mas abordou principalmente a crise na Ucrânia, onde a presença de mais de 100 mil tropas russas na fronteira provocam o temor de uma nova invasão.

Rússia nega ter intenções hostis e justifica a mobilização de seu exército pela preocupação com sua segurança ante a possível expansão da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) sobre a área de influência do país.

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Comboio de veículos blindados russos em rodovia na Crimeia, região da Ucrânia que foi invadida e anexada pela Rússia em 2014, em foto de 18 de janeiro de 2022. Rússia concentra mais de 100 mil soldados, com tanques e outras armas pesadas, perto da fronteira com o país vizinho, no que países ocidentais temem que possa ser um prelúdio de uma nova invasão. — Foto: AP

Comboio de veículos blindados russos em rodovia na Crimeia, região da Ucrânia que foi invadida e anexada pela Rússia em 2014, em foto de 18 de janeiro de 2022. Rússia concentra mais de 100 mil soldados, com tanques e outras armas pesadas, perto da fronteira com o país vizinho, no que países ocidentais temem que possa ser um prelúdio de uma nova invasão. — Foto: AP

“As preocupações razoáveis de segurança da Rússia devem ser levadas a sério e resolvidas”, declarou Wang, de acordo com o comunicado divulgado pelo governo chinês. “A segurança regional não pode ser garantida pelo fortalecimento ou, inclusive, a expansão dos blocos militares”.

 

“Todas as partes deveriam abandonar completamente a mentalidade da Guerra Fria e formar um mecanismo de segurança europeu equilibrado, efetivo e sustentável por meio de negociações”, insistiu o ministro.

Blinken, por outro lado, advertiu o colega chinês para “os riscos econômicos e de segurança global que representam uma agressão da Rússia contra a Ucrânia e concordou que a ‘desescalada’ e a diplomacia são a maneira responsável de se proceder”, disse seu porta-voz, Ned Price.

Entenda no vídeo abaixo por que a Rússia pode invadir a Ucrânia:

Por que a Rússia pode invadir a Ucrânia? Entenda em 3 pontos

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Por que a Rússia pode invadir a Ucrânia? Entenda em 3 pontos

Jogos de Inverno

 

O ministro chinês aproveitou a conversa para advertir o governo americano contra sua postura a respeito dos Jogos Olímpicos de Pequim, que foi afetado pela rivalidade entre as duas potências e as acusações de violações dos direitos humanos na China.

EUA e outros países aliados anunciaram um boicote diplomático aos Jogos, especialmente pela repressão à minoria muçulmana uigur na região de Xinjiang (veja no vídeo abaixo).

“A prioridade mais urgente agora é que os Estados Unidos parem de interferir nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim”, disse Wang. O ministro também pediu que seu colega “pare de brincar com fogo” com Taiwan, uma fonte de grandes tensões entre as duas potências.

EUA anunciam boicote diplomático aos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim

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EUA anunciam boicote diplomático aos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim

Tensões sobre Taiwan

 

Taiwan é uma ilha a menos de 200 km da China que se tornou politicamente independente em 1949, quando nacionalistas chineses fugiram após serem derrotados pelos comunistas (que estão até hoje no poder no gigante asiático).

Desde então, Taiwan tem um governo independente, que é reconhecido como país por 15 nações — o que causa grande irritação no governo chinês, que nunca considerou a ilha como um país autônomo.

China e Taiwan já tiveram uma relação mais harmônica, especialmente entre o fim dos anos 1990 e até 2016, mas o governo chinês tem elevado o tom contra a ilha desde então e há o temor que haja uma guerra e ela seja reincorporada à China continental.

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