Quadrilha de blogueira presa usava imóvel em Copacabana como central de operações para aplicar golpes em SC
RIO – Os mais de mil quilômetros que separam o Rio de Janeiro de Santa Catarina não impediram que a quadrilha integrada pela blogueira carioca Rayane da Silva Figliuzzi, de 24 anos, utilizasse um apartamento em Copacabana como central de operações para cometer crimes especialmente nas cidades de Balneário Camboriú e Florianópolis, dois dos principais destinos turísticos catarinenses. O imóvel de alto padrão na Zona Sul do Rio funcionava como uma espécie de coração do esquema, a partir de onde falsas telefonistas entravam em contato com as vítimas, a maioria idosos, com o intuito de aplicar o chamado “golpe do motoboy”. Rayane foi detida por PMs em Areal, no interior fluminense, no último domingo, mas acabou liberada após chegar à delegacia, já que constatou-se que ela obteve na Justiça de Santa Catarina, no processo referente ao caso, o direito à prisão domiciliar.
Veja outros detalhes: Polícia prende blogueira acusada de integrar quadrilha de golpes de cartão de crédito
As investigações tiveram início em dezembro de 2020, quando um dos integrantes do bando foi preso em um edifício de luxo em Florianópolis. A partir dele, a Polícia Civil catarinense descobriu um grupo em um aplicativo de mensagens, chamado “Família Errejota”, no qual eram trocadas diversas mensagens sobre os crimes praticados pela quadrilha. O cabeça do esquema foi identificado como Alexandre Navarro Júnior, de 28 anos, apontado como noivo de Rayane. A irmã de Alexandre, Yasmin Navarro, que também acumula milhares de seguidores nas redes sociais, era outra integrante do bando, que teve 15 membros identificados e indiciados pelos investigadores, e posteriormente denunciados pelo Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC). Todos são réus pelo crime de estelionato.
‘Centrais’ de telemarketing: Estelionatários recrutam jovens de classe média do RJ e SP para atuar junto à quadrilha
— Rayane era a companheira do chefe e usufruía de todas as vantagens que a quadrilha obtinha junto às vítimas, levando uma vida de luxo. Além disso, descobrimos que uma das maquininhas utilizadas para aplicar os golpes estava vinculada a um CNPJ no nome dela, assim como ocorria com Yasmin — explicou o delegado Attilio Guaspari Filho, responsável pelo inquérito.
Do apartamento em Copacabana, cinco ou seis telefonistas entravam em contato com dezenas de vítimas diariamente. Na ligação, simulavam ser funcionárias de instituições bancárias e comunicavam compras suspeitas feitas com cartão de crédito. Em seguida, as mulheres pediam que a pessoa do outro da linha contatasse o número do banco no verso do cartão e repassasse diversos dados, entre eles a senha. Contudo, o primeiro telefonema não era de fato encerrado, e outro membro do bando fingia atender a vítima, aumentando a veracidade do golpe.
‘Não aguento mais pobre’: Estelionatária presa no Recreio debochou de vítima em conversa com comparsas
O passo seguinte era convencer o alvo a quebrar o cartão de crédito — sempre bem ao centro, para não danificar o chip. A quadrilha informava, então, que um funcionário iria ao encontro do cliente para recolher o cartão descartado e assinar alguns documentos, que atestariam não ser ele o autor das compras citadas anteriormente. Esse integrante da quadrilha se apresentava sempre bem vestido, com ternos e crachás falsos dos bancos, em uma estratégia que, mais uma vez, também ajudava a convencer as vítimas.