Mbappé, o Stade de France e Yaremchuk: Champions sofreu com mudanças com a guerra na Ucrânia Foto: FRANCK FIFE / AFP e REUTERS/Rodrigo Antunes
Era 23 de fevereiro quando Benfica, Ajax, Manchester United e Atlético de Madrid entravam em campo na Espanha e em Portugal para os últimos confrontos de ida das oitavas da Champions. Poucas horas depois, na madrugada seguinte, tropas russas dariam início a uma invasão na Ucrânia, uma guerra que sacode a Europa há mais de duas semanas. É nesse cenário de mudanças profundas e crise no continente que Bayern de Munique, Red Bull Salzburg, Liverpool e Inter de Milão dão início, hoje, aos jogos de volta da competição.A primeira e mais importante mudança para o torneio foi o local da final. A decisão aconteceria em São Petersburgo, uma das principais cidades da Rússia, mas a Uefa não demorou a tirá-la de lá. No dia 25, já estava definido o novo palco: o Stade de France, em Saint-Denis, a minutos de Paris.Foi a primeira de uma série de consequências diretas no futebol causadas pelo conflito. Clubes, atletas e seleções russas acabaram suspensos da Copa do Mundo, da Paralimpíada de Inverno e até da Liga Europa. A Uefa cortou relações com a Gazprom, estatal de gás russa que dá nome à arena que receberia a final (chamada originalmente de Estádio Krestovsky).
No rompimento do contrato, a confederação abriu mão de uma de suas principais patrocinadoras, que pagaria até 78 milhões de euros (R$ 431 milhões) nos próximos dois anos, em nome de um boicote à economia russa, sanções que se espalharam pelo ocidente.
O conflito foi parar nas redes sociais, impulsionado pela revolta de jogadores ucranianos com a invasão. O meia e lateral-esquerdo Zinchenko, do Manchester City, foi um dos mais indignados. Em postagem no Instagram, apagada posteriormente, o jogador da seleção ucraniana chamou o presidente russo Vladimir Putin de “criatura” e desejou a ele uma “morte dolorosa”.
Além dele, Yarmolenko, do West Ham, e Mykolenko, do Everton, chegaram a bater boca de forma pública com o atacante Dzyuba, capitão da seleção russa.
Indefinição no Chelsea
O atacante Roman Yaremchuck, do Benfica, é outro ucraniano envolvido na atual rodada da Champions. O jogador foi um dos primeiros a se manifestar, ainda na véspera do início do confronto, exibindo o símbolo do exército ucraniano ao marcar contra o Ajax. Nos últimos dias, foi aplaudido no Estádio da Luz e elogiado pelo zagueiro brasileiro Lucas Veríssimo pelo comprometimento.
Enquanto isso, o atual campeão Chelsea tenta espantar o cenário de indefinição nos seus bastidores para confirmar a vaga contra o Lille. Os Blues veem Roman Abramovich, oligarca russo próximo a Putin, se afastar do comando do clube, do qual é dono desde 2003. O magnata do petróleo confirmou que colocou o Chelsea à venda, em meio a pressão britânica sobre os negócio russos.
— Não podemos fingir que não é um problema. Para mim e para minha comissão técnica, para todo mundo em Cobham (centro de treinamento do Chelsea), para os jogadores, é horrível. Ninguém esperava isso. É muito irreal, perturba nosso humor, nossa empolgação — afirmou o técnico Thomas Tuchel, dois dias após o início do conflito.
Na semana passada, ele chegou a se irritar com jornalistas que insistiram em perguntas sobre Abramovich.
Em meio às tensões políticas, a rodada promete confrontos emocionantes. O Manchester United de Cristiano Ronaldo duela pela classificação contra o embalado Atlético de Madrid na próxima semana, enquanto o PSG de Mbappé tenta confirmar a vaga em visita ao Real Madrid nesta quarta-feira. Os dois craques são dúvidas para a rodada: CR7 tem um problema no quadril, enquanto o francês levou pancada no pé num treino.