Você sabia? Mulheres colecionam conquistas históricas no futebol; veja oito delas neste 8 de março

Primeiras competições, árbitra pioneira, estreia em Copas do Mundo, Marta, artilharias… Momentos marcantes são lembrados pelo ge neste Dia Internacional da Mulher

“Não vai ter uma Formiga para sempre, uma Marta, uma Cristiane. O futebol feminino depende de vocês para sobreviver.” As palavras marcaram o discurso de Marta, após a eliminação do Brasil na Copa do Mundo de 2019, e também são determinantes para demonstrar a importância de registrar a história. A atacante faz parte de uma caminhada de conquistas no país e lembramos oito delas neste Dia Internacional da Mulher.

Marta comemora um gol nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008 — Foto: AFP

1983: Regulamentação do futebol feminino

Pode-se dizer que a regulamentação do futebol feminino sacramentou as primeiras décadas de conquistas das mulheres no esporte brasileiro. Foi ali, em 1983, que permitiu-se competições, criação de calendário, utilização de estádios e o ensino do futebol nas escolas. No Rio de Janeiro e São Paulo, os clubes Radar e Saad – que não estão mais em atividade – foram pioneiros no profissionalismo.

Saad, campeão brasileiro em 1996 — Foto: Arquivo Pessoal

Saad, campeão brasileiro em 1996 — Foto: Arquivo Pessoal

Há de se observar que o momento marcava seis décadas de luta dessas mulheres, porque as primeiras aparições do futebol feminino ocorreram nos anos 20 e 30.

Na década de 1940, houve partidas entre mulheres no Pacaembu, por exemplo. Mas também foi naquela época que o decreto-lei (3199, Art 54) proibiu a prática de esportes para mulheres no Brasil. O fato tem sido noticiado por décadas desde então, mas tem peso pelo impacto histórico negativo no desenvolvimento de modalidades como o futebol feminino. A lei só foi revogada em 1979.

1967: A primeira árbitra

 

O futebol feminino ainda era proibido no Brasil quando Léa Campos se tornou a primeira mulher a terminar um curso de arbitragem no país. Anotem este nome: Asaléa de Campos Micheli.

Em 1967, ela conseguiu uma brecha porque o Decreto-Lei 3199 proibia as mulheres de jogarem, mas não faziam menção sobre arbitragem. Léa fez o curso de árbitros em Minas Gerais, no Departamento de Futebol Amador da Federação Estadual. Só que não pôde participar da formatura do curso, por conta de represálias.

Léa Campos, primeira árbitra do Brasil — Foto: Arquivo Pessoal

Léa Campos, primeira árbitra do Brasil — Foto: Arquivo Pessoal

Mosaico sobre Lea Campos, primeira mulher a fazer um curso de arbitragem no Brasil — Foto: infoesporte

Mosaico sobre Lea Campos, primeira mulher a fazer um curso de arbitragem no Brasil — Foto: infoesporte

1991: Primeira Copa FIFA

 

Doze anos depois de derrubar a proibição, as mulheres disputaram a primeira Copa Fifa – em 1991. Aconteceu pouco depois de um torneio experimental da entidade (de 1988), quando as jogadoras viajaram com as sobras das roupas dos homens, inclusive.

Dessa vez, a diferença foi que a CBF assumiu o time de forma oficial. Ainda que de forma amadora. Pretinha – agora no Vasco – estava naquele grupo, comandado pelo técnico pernambucano Fernando Pires, e a zagueira Elane marcou o primeiro gol do país – na vitória sobre o Japão. Essas mulheres, inclusive, foram homenageadas pela CBF em dezembro do ano passado.

2009: A primeira Libertadores

 

Os clubes também ganharam espaço. Quase duas décadas depois da estreia na Copa, chegou a primeira edição da Libertadores Feminina. E o título ficou no Brasil. O Santos contava com Marta e Cristiane – que voavam na seleção naquele período – e conquistou o troféu. Cristiane, inclusive, foi artilheira da competição, com 15 gols.

Detalhe: a Copa do Brasil era o campeonato nacional do país naquela época. O Brasileiro só começou a ser disputado em 2013. Para se ter ideia, foi o ano em que lançou-se o PlayStation 4 e que o Atlético-MG venceu a Libertadores (no masculino) pela primeira vez.

Santos na Libertadores de 2013 — Foto: AGIF / Ricardo Saibun

Santos na Libertadores de 2013 — Foto: AGIF / Ricardo Saibun

2016: Artilharia dos Jogos Olímpicos

 

Cristiane caminhou ao lado de Marta no futebol. Tornou-se referência e uma personagem fundamental para as conquistas das mulheres na própria seleção brasileira, inclusive. Em 2016, no Rio de Janeiro, atacante virou a maior artilheira da história dos Jogos Olímpicos – também entre homens de mulheres. Superou Sophus Nielsen, da Dinamarca, que tem 14.

Melhor do mundo… seis vezes

 

Marta tem motivo para sustentar o título de “Rainha”. Referência histórica no futebol, a meia-atacante conquistou o posto de maior vencedora do prêmio de melhor do mundo – ao lado de Lionel Messi. Levantou a marca seis vezes, sendo cinco delas de forma consecutiva: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2018.

Marta ao receber o prêmio de melhor do mundo pela sexta vez — Foto: Reuters

Marta ao receber o prêmio de melhor do mundo pela sexta vez — Foto: Reuters

2019: Artilharia de Copas do mundo

Mais uma marca dela: Marta. Ela marcou pela seleção brasileira no dia 18 de junho de 2019 e isolou-se na artilharia da história das Copas do Mundo – considerando mulheres e homens. São 17 gols da camisa 10. Sim, superando os números de Miroslav Klose, que tem 16 pela Alemanha.

Detalhe que, no ano passado, Marta teve números oficiais levantados pela CBF e foi oficializada pela entidade como maior artilheira da história da seleção brasileira – superando Pelé. São 119 gols da atacante em 178 partidas pelo Brasil.

 

 

Marta completa 36 anos e comenta renovação da Seleção Feminina

2019: A estruturação

 

As primeiras conquistas uniram-se às individuais e chegaram ao melhor momento no Brasil em 2019. Aqui, houve: o ganho de visibilidade e estruturação de calendário.

Era ano de Copa do Mundo, na França. A TV Globo anunciou a transmissão da seleção brasileira feminina em Mundiais pela primeira vez, e elas ganharam sustentação nacional depois disso. Foi mais uma virada de chave.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *