Gre-Nal 435 opõe rivais em crise técnica, sob desconfiança e tensão com as torcidas

Descrença em Inter e Grêmio alimenta apreensão dos dois lados para o clássico desta quarta-feira, válido pela 9ª rodada do Gauchão, no Beira-Rio

 — Foto: Arte / ge

O primeiro – e possivelmente único – Gre-Nal de 2022 já começou torto. Aliás, nem começou. O ataque ao ônibus do Grêmio na data original para o clássico pela 9ª rodada do Gauchão deu ares dramáticos a um jogo de pouca expectativa para os dois lados. Às 21h desta quarta-feira, porém, a bola vai rolar no Beira-Rio. Na balança de sensações para o clássico, a preocupação pesa mais que a animação.

Antes do pontapé inicial, o Gre-Nal 435 está marcado pelo mau momento das equipes, ligadas pelas eliminações precoces na primeira fase da Copa do Brasil diante de adversários de divisões inferiores.

Dono da casa, o Inter levou 2 a 0 do Globo-RN, que disputará a Série D e acumulava goleadas sofridas em 2022. Após passar pelo Colorado, aliás, tomou mais uma: 5 a 1 do Sousa-PB na Copa do Nordeste.

A torcida não só condenou o resultado como a passividade dos jogadores em campo no interior do Rio Grande do Norte. O Inter não criou chances de perigo em 90 minutos, o goleiro Daniel engoliu um frango e os colorados pediram a cabeça do técnico Alexander Medina.

Sobrou para o executivo Paulo Bracks, demitido no dia seguinte após sete horas de reunião entre os membros do Conselho de Gestão. O presidente Alessandro Barcellos adotou discurso forte de remobilização, enquanto os jogadores convocaram uma entrevista coletiva para assumir sua parcela de culpa.

– É um episódio muito ruim, precisamos fazer uma virada de chave. Tenho convicção que é possível fazer desta autocrítica uma ideia do pensamento que a gente também tem a necessidade de comprometimento de todos, de viver o clube mais intensamente, de sentir como o torcedor sente, vergonha de sair na rua. Não pode ser mais um dia depois do que aconteceu, não pode! Se for isso, está no clube errado – declarou Barcellos.

O Inter em 2022

 

  • 10 jogos
  • 4 vitórias
  • 3 empates
  • 3 derrotas
  • 50% de aproveitamento
  • 11 gols marcados
  • 11 gols sofridos

 

A resposta, no entanto, veio somente na pontuação. No último domingo, o Inter venceu o Aimoré pelo Gauchão diante de pouco mais de 5 mil pessoas incomodadas no Beira-Rio. Mesmo com o triunfo, o time foi vaiado e cobrado.

A desconfiança dos colorados vem desde o fim do ano passado. Com Diego Aguirre no comando, o Inter chegou a flertar com o G-4 do Brasileirão. Porém, depois de vencer o Gre-Nal e “cumprir” uma tarefa no rebaixamento do rival, o time despencou. Terminou em 12º.

A nova identidade proposta com a contratação do Cacique Medina também demora a aparecer. Com o plantel ainda carente de reforços, os testes são recorrentes. O Inter entrará em campo no Gre-Nal sem o torcedor ter a escalação na ponta da língua.

Oito meses de crise

No dia 30 de maio de 2021, o Grêmio perdeu por 3 a 2 para o Ceará na primeira rodada do Campeonato Brasileiro. Nem o torcedor mais pessimista poderia acreditar que, 37 jogos depois, o time sequer deixaria a zona de rebaixamento e se afundaria pela terceira vez na história na Série B.

Nem Tiago Nunes nem Felipão muito menos Vagner Mancini foram capazes de montar uma equipe superior a apenas quatro adversários – o Grêmio ficou em 17º lugar. Treinador da queda, Mancini recebeu a confiança da direção para seguir no cargo em 2022.

O técnico trabalhou junto à gestão para montar um grupo equilibrado a nível de Série B. Só que o planejamento mudou após somente seis jogos. Sem convicção para bancar pressões internas e externas, o clube demitiu Mancini, até então invicto.

O Grêmio em 2022

 

  • 10 jogos
  • 5 vitórias
  • 3 empates
  • 2 derrotas
  • 60% de aproveitamento
  • 18 gols marcados
  • 12 gols sofridos
  • O empate em casa com o Juventude foi a gota d’água. A dificuldade para fazer o time evoluir em 30 dias de pré-temporada motivou a mudança. Roger Machado, o escolhido para assumir o comando, estreou com goleada sobre o São Luiz pelo Gauchão.

    derrota para o Mirassol, que está na Série C do Campeonato Brasileiro, e a eliminação na primeira fase da Copa do Brasil devolveram o Tricolor à realidade. As dificuldades novamente ficaram evidentes no empate em 1 a 1 com o Novo Hamburgo, no último sábado.

    – Foi muito parecido com aquele (jogo) contra o Mirassol. Jogador com cãibra, fazendo cera. Mas o Grêmio vive um momento que vai passar. Os caras estão chutando e a bola está entrando. O Grêmio chuta e a bola não entra. Não gostamos da atuação, mas não faltou empenho do ponto de vista anímico. Vamos encontrar esse tipo de coisa a partir de agora. Os times vão fazer um gol e jogar Copa do Mundo. Teremos que estar preparados – discursou o vice de futebol Denis Abrahão.

    Enquanto também aguarda reforços, Roger busca dar sua cara ao Grêmio. No Gre-Nal, deve escalar o mesmo time que entrou em campo no fim de semana, à exceção de Diego Souza, que será substituído pelo jovem Elias.

    O Gre-Nal 435, válido pela 9ª rodada do Gauchão, começa às 21h desta quarta-feira, no Beira-Rio. O Tricolor é segundo colocado com 18 pontos, três atrás do líder Ypiranga e três à frente do Colorado, em terceiro.

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