Dezenas de manifestantes e 13 policiais morrem em protestos no Cazaquistão

Carro incendiado em frente ao prédio da Prefeitura de Almaty, no Cazaquistão, que foi destruída durante protestos desencadeados pelo aumento do preço dos combustíveis, em 6 de janeiro de 2022 — Foto: Pavel Mikheyev/Reuters

Carro incendiado em frente ao prédio da Prefeitura de Almaty, no Cazaquistão, que foi destruída durante protestos desencadeados pelo aumento do preço dos combustíveis, em 6 de janeiro de 2022 — Foto: Pavel Mikheyev/Reuters

Dezenas de manifestantes e 13 agentes de segurança morreram em confrontos no Cazaquistão, país que vive uma onda de manifestações que culminou na dissolução do governoSegundo a TV estatal, dois policiais foram encontrados decapitados.

A população atacou prédios públicos em Alamy, e as forças de segurança não conseguiram controlar os protestos na maior cidade e capital econômica do país, nem mesmo após o governo voltar atrás do aumento dos combustíveis que originou a revolta popular.

Cerca de 2 mil pessoas foram detidas apenas em Alamy, segundo o Ministério do Interior, e mais de 300 policiais ficaram feridos. Os protestos já são os maiores desde a independência do país em 1991, quando a União Soviética entrou em colapso.

Os manifestantes chegaram a tomar o aeroporto da cidade, segundo a agência de notícias Reuters, mas na tarde desta quinta-feira (6) o local estava de novo sob controle dos militares. O comércio foi saqueado e carros incendiados estão espalhados pelas ruas.

Forças de segurança observam manifestantes no centro de Almaty, a maior cidade do Cazaquistão, durante protesto em 5 de janeiro de 2022 — Foto: Vladimir Tretyakov/AP

Forças de segurança observam manifestantes no centro de Almaty, a maior cidade do Cazaquistão, durante protesto em 5 de janeiro de 2022 — Foto: Vladimir Tretyakov/AP

O presidente Kassym-Jomart Tokayev declarou na terça (4) estado de emergência e um toque de recolher no país que não foram respeitados. Ele também prometeu abaixar o preço dos combustíveis para “garantir a estabilidade no país” e dissolveu o próprio governo, mas não renunciou.

Protestos e ‘força de paz’

 

Os protestos explodiram no domingo (2), após o governo dobrar o preço do gás GLP e de outros combustíveis no dia anterior, e se espalharam pelo país.

As manifestações também passaram a refletir outras insatisfações da população com o governo e a abraçar outras reivindicações, como a mudança do regime político, a eleição direta dos governos locais, o fim das prisões arbitrárias e a redução da desigualdade.

 

Em meio aos distúrbios violentos, a Rússia anunciou nesta quinta (6) o envio de uma “força de paz” que inclui militares de Armênia, Belarus, Quirguistão e Tadjiquistão, países que integram a OTSC (Organização do Tratado de Segurança Coleta) junto com o Cazaquistão.

Um comunicado da OTSC diz que o principal objetivo dos soldados “será a proteção de importantes instalações estatais e militares e auxiliar as forças da lei e da ordem (…) na estabilização da situação”.

Homem caminha em frente ao prédio da Prefeitura de Almaty, a maior cidade do Cazaquistão, que foi incendiado durante protestos desencadeados pelo aumento do preço do combustível e que culminaram na queda do governo, em 6 de janeiro de 2022 — Foto: Pavel Mikheyev/Reuters

Homem caminha em frente ao prédio da Prefeitura de Almaty, a maior cidade do Cazaquistão, que foi incendiado durante protestos desencadeados pelo aumento do preço do combustível e que culminaram na queda do governo, em 6 de janeiro de 2022 — Foto: Pavel Mikheyev/Reuters

 

Cazaquistão é o 9º país do mundo em extensão territorial, mas tem uma população relativamente pequena (18,8 milhões de habitantes). Sua capital é a cidade de Nursultan, e a mais populosa é Almaty.

Rico em petróleo, gás e urânio e responsável por 60% do GLP da Ásia Central, Cazaquistãoé a maior das ex-repúblicas soviéticas e a nação mais influente da região. O país também faz fronteira com a Rússia ao norte e a China a leste.

O país se tornou independente em 1991, em meio ao colapso da União Soviética, e tem um governo considerado autoritário. Antes de Kassym-Jomart Tokayev, o país foi governado por três décadas por Nursultan Nazarbayev, ex-presidente de 81 anos que dá nome à capital.

Nazarbayev só deixou o poder em 2019, em meio a protestos antigoverno — que ele tentou conter renunciando. Ainda assim, indicou seu sucessor, o atual presidente Tokayev, em uma eleição que foi alvo de críticas de observadores internacionais.

Embora não esteja mais no poder, Nazarbayev continua sendo uma figura influente no país, e analistas afirmam que ele é o alvo principal dos atuais protestos. Aliado do presidente da Rússia, Vladimir Putin, Nazarbayev era até quarta o presidente do poderoso Conselho de Segurança do país.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *