Guerra na Ucrânia: ‘Sinto vergonha, não acreditava que poderia acontecer’, diz russa que dá aula no interior de SP
A russa Tatiana Kaminarova, de 39 anos, mora há 4 anos em Sorocaba, no interior de São Paulo, e soube da invasão da Rússia na Ucrânia quando rolava o feed das redes sociais, na madrugada de quinta-feira (24).
Este é o maior ataque de um país europeu contra outro do mesmo continente desde a Segunda Guerra Mundial.
A professora da língua nativa é de Volgogrado, a região na Rússia da Batalha de Stalingrado, uma das mais decisivas da Segunda Guerra Mundial. Os pais dela, de 69 e 68 anos, ainda moram na cidade e conversaram com a filha sobre a invasão ao território ucraniano.
“Fiquei em choque com as notícias. Minha mãe estava chorando desde manhã. Meu pai está mais forte. Sinto vergonha, eu não acreditava que isso poderia acontecer.”
Militares ucranianos são vistos ao lado de um tanque destruído, que segundo eles pertencia a combatentes russos, perto de Kharkiv, na Ucrânia — Foto: Maksim Levin/Reuters
Segundo Tania, como também é conhecida, os pais são aposentados e na área que vivem não correm risco até o momento. A professora cita que um parente foi do exército, mas que não chegou a ir para uma guerra.
Tatiana afirma que se depara nas redes com pessoas que, de certa forma, apoiam Putin e os ataques.
“A maioria do povo tem ainda a mentalidade escrava. Vi um homem louvando Putin e dizendo que é capaz a dar própria vida por ele. A maior parte parece que passou por uma lavagem cerebral por anos.”
Vida no Brasil
Segundo a professora, em 2016 ela deixou o emprego que tinha na área de contabilidade e queria viajar para outros países. O destino foi a Argentina, mas parou no Brasil depois que conheceu o atual marido pela internet.
“Comprei a passagem de volta [para a Rússia] e conversamos cada vez mais. Em 2018, nós decidimos que eu iria voltar ao Brasil e teríamos um relacionamento mais próximo”, lembra.
No começo, Tatiana investiu nos estudos da língua portuguesa e tentou procurar emprego. Nenhum deu certo. “Enviava centenas de currículos e nada dava certo. Encontrei na internet a oportunidade para dar aulas.”
Mapa da Ucrânia mostra locais que foram atacados pela Rússia — Foto: Arte g1