Qual o efeito prático do novo apelo de Biden para controlar o acesso às armas?

Pela terceira vez em sua Presidência, Joe Biden usou o horário nobre para fazer um discurso à nação e sinalizar o quanto ele está pessoalmente envolvido na aprovação de medidas para conter a violência armada nos EUA.

Biden é veterano no tema. Mesclou a emoção e repetidos apelos de “basta” com o desafio aos legisladores, especialmente os republicanos, que vêm bloqueando o debate para incrementar o controle de armas.

 

Ladeado por fileiras de velas acesas, o presidente lembrou que cenários cotidianos, como escolas, supermercados e hospitais, se transformaram em campos de extermínio. Conclamou uma resposta rápida aos três massacres com armas de fogo das últimas semanas. “Não se trata de tirar os direitos das pessoas, mas sobre a liberdade de mandar as crianças para a escola”.

“A Segunda Emenda não é absoluta”, afirmou, em alusão ao trecho da Constituição que assegura à população o direito de legítima defesa. Vale lembrar que no fim de semana, durante a reunião da Associação Nacional do Rifle (NRA), ele foi ridicularizado por políticos financiados pelo lobby das armas.

“O que impede bandidos armados são mocinhos armados”, disse o senador republicano Ted Cruz, o que recebeu mais verbas de grupos de defesa de armas. A venda aumentou significativamente depois que Biden assumiu o cargo, motivada por informações falsas de que ele teria o poder de restringir a compra de rifles semiautomáticos e revólveres.

Em seu discurso desta quinta-feira, Biden propôs, de fato, mudanças drásticas que restrinjam o acesso às armas: a proibição de fuzis de assalto e a expansão das verificações de antecedentes dos compradores.

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Mas, ciente do efeito limitado de seu apelo entre os republicanos intrinsecamente ligados à cultura das armas, baixou as expectativas e ofereceu outras alternativas. Pediu ao Congresso que aumente a idade dos compradores de 18 para 21 anos, aprove leis de “bandeira vermelha”, que impediram a venda de armas para pessoas com antecedentes criminais, e revogue a imunidade que protege os fabricantes.

O bom senso exigido por Biden teve pouca ressonância. A aprovação dessas propostas parece improvável, dada a resistência no Senado e a exigência de uma supermaioria de 60 senadores para se tornar viável.

Enquanto o presidente falava, o Comitê Judiciário da Câmara, de maioria democrata, aprovava um pacote denominado “Lei de proteção às nossas crianças”, com algumas das propostas de Biden e que será levado à votação na próxima semana. Seu destino obedece a uma dinâmica já conhecida pelos americanos: a obstrução republicana.

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