Análise: marcas da pressão explicam por que estreia na Copa do Brasil virou final para o Santos
O Santos sofreu mais do que o placar diz, mas conseguiu vencer por 3 a 0 e se classificar para a próxima fase da Copa do Brasil. Contra o Salgueiro, ainda pela primeira fase da competição, o Peixe carregou o peso quase que de uma final, mas agora respira aliviado. Quem não deve estar muito aliviado é o vidro da janela de um dos camarotes do estádio Cornélio de Barros, a casa do rival.
Na última quarta-feira, a pressão tomou conta do Santos. Em baixa no Campeonato Paulista e tentando respirar, ainda sem um novo técnico confirmado depois da saída de Fábio Carille (Fabián Bustos acertou, mas não foi anunciado), o Peixe entrou em campo para enfrentar o Salgueiro sufocado pela necessidade de vencer e evitar um vexame.
Edu Dracena, executivo de futebol do Santos, foi pressionado por torcedores na saída do hotel, antes do jogo. Ouviu cobranças. Ali, era só uma amostra da importância de uma vitória sobre o Salgueiro fora de casa.
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Jogadores comemoram gol contra o Salgueiro — Foto: Ivan Storti/SantosFC
E a pressão era clara durante a partida. Jogadores ansiosos e até um esboço de sufoco sofrido por seguidos ataques do Salgueiro. Do lado de fora, naquele camarote do estádio Cornélio de Barros, Edu Dracena traduzia o sofrimento do torcedor em palavras e até tapas nos vidros das janelas para reclamar da arbitragem, que não marcou pênalti em dois polêmicos lances.
O executivo de futebol sofreu com o elenco comandado por enquanto pelo técnico Marcelo Fernandes, que substitui interinamente Fábio Carille até a chegada de Fabián Bustos. Deu orientações, pediu para segurarem o resultado quando venciam por só 1 a 0, reclamou com a arbitragem (esse foi o principal motivo dos tapas)…
Edu Dracena deixa marca de mão em vidro de camarote do Cornélio de Barros — Foto: Bruno Giufrida
No cargo de comando do futebol do Santos, Edu Dracena, que já jogou pelo clube, parecia levar o sofrimento dos torcedores para dentro do estádio Cornélio de Barros. A cada bola perdida em lances “bobos”, era uma lamentação.
O sofrimento só diminuiu quando Vinicius Zanocelo, de cabeça, marcou o segundo gol do Santos contra o Salgueiro. Faltava pouco para acabar o jogo. Edu Dracena, antes exaltado, até sorria no camarote – como o torcedor em casa.
Em campo, os jogadores também claramente sentiram o fim do peso ao segundo gol na partida, que praticamente sacramentava a vitória sobre o Salgueiro – houve ainda um gol de Rwan, o primeiro deles nos profissionais. Os lances começaram a fluir melhor para o Santos. A bola, antes “queimando”, passou a ser um problema a menos.
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A tensão dos dirigentes do Santos na partida contra o Salgueiro tinha motivo. A Copa do Brasil, diante das dificuldades financeiras vividas pelo clube, é uma oportunidade de conquistar um título e melhorar a receita com competições durante a temporada. Uma possível eliminação seria um vexame com grandes reflexos.
Passado o sofrimento, o Santos tem agora dias para comemorar a classificação para a próxima fase, enquanto espera o técnico Fabián Bustos acertar sua vinda para o Brasil. O próximo jogo é no domingo, às 18h30, contra o Novorizontino, na Vila Belmiro.